Diário da Pandemia
Ainda em abril
Luzia M. Cardoso
São vinte e seis de abril
Um domingo de outono
Com o povo mais febril
Diante do abandono.
Segunda, vinte e sete,
As mortes se multiplicam,
Sintomáticos sem teste...
Pelo alto, prevaricam.
Auxílio'Emergencial
Deixa o povo aflito.
Um descaso sem igual
Não é crime nem delito?
O dinheiro nunca sai
Nem pra quem já foi aceito.
Na conta, ele não cai,
Apesar de tudo feito.
Muitos seguem sem acesso,
São cidadãos invisíveis,
Sem CPF, sem sucesso,
Sem providências cabíveis.
Empresários demitindo,
Não toleram não lucrar.
Continuam insistindo
Para tudo liberar.
Os que foram demitidos,
Do Seguro Desemprego
Permanecem tolhidos,
Ficando em desassossego.
Isso não é genocídio?
Que outro nome dará?
Sem salário ou subsídio,
Alguém subsistirá?
Vinte e oito de abril,
Os mortos notificados
Chegam quase a cinco mil.
Há casos não informados.
Síndromes respiratórias
Vão nos registros de mortes.
A corona nas histórias
É suspeita ė muito forte.
Governantes só assistem
A tragédia acontecer?
Economia discutem,
Sem o SUS abastecer.
No Rio, os federais
Com leitos de UTI
Nas manchetes dos jornais
Sem Covid assistir.
Há hospitais privados
E hospitais militares
Não universalizados
E morte rondando os lares.
Com oxigênio em falta
Sufocando nas cadeiras,
Desespero aos olhos salta
Frente à ordem nas fileiras.
Containers estão à porta
Da emergência pública
Para tanta gente morta
De nossa rica República.
Pessoas alienadas,
Querendo se divertir,
Vão às ruas, agrupadas...
Mais doentes vão surgir!
Quarentena à lava mãos,
Um produto brasileiro.
Transitando, cidadãos
São do vírus hospedeiro.
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