Diário da Pandemia: Fevereiro
Luzia M. Cardoso
II - Fevereiro
Se ele mata os mais velhos,
Não é por ter preferência.
Jovens, adultos, fedelhos...
Vai minando a resistência.
Humano é dele pasto,
Meio de proliferar.
O seu campo será vasto
Se a gente s'amontoar.
Sem dar bola para o tal,
Brasileiro se amontoa:
Praia, farra, carnaval,
Busão, trem, muitos na proa.
Olha pros fatos no mundo
Como 'em banco de cinema
Não buscam saber a fundo,
Nem precaução pro problema.
No Brasil, pra piorar,
Os ricos, que de tão ricos,
Nem aqui querem morar.
Das regiões fazem pinicos.
Atacam a natureza,
Matando rios e mares;
Florestas, sem sutileza,
Com fogo, leva aos ares.
Daqui, tiram a riqueza,
Explorando o trabalhador.
Vão gerando a incerteza,
A fome, tristeza e dor.
Os ricos não se importam
Se há gente em favelas,
Se em trens se amontoam,
Ou sem luz, acendem velas.
Para os ricos, se for pobre,
A morte é solução.
Crendo ter sangue nobre,
Da plebe, sem compaixão.
Pros ricos, gente do povo
Só serve pra trabalhar
Se gratos sempre, e de novo
Migalhas abençoar.
Fazem crer que de direitos
O povo tem que abrir mão
E ficar bem satisfeito
De ter trabalho e patrão.
Insensíveis à fome,
Ao sofrimento que geram,
Ganância é sobrenome
Dos que'o entorno mineram.
Impõem ao povo o gueto,
Dos índios, tiram a mata.
Vivem armando coreto
Pra não perderem a mamata.
Quando'a pobreza explode
E se sentem ameaçados
Se'o recurso os acode,
Mesmo havendo exterminados,
Justificam logo o fato,
Dizendo ser solução
Amarga, d'imediato,
Sacrificar a nação.
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