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Aqui trataremos de tudo aquilo que nos emociona.

A vida, em todas as suas formas e manifestações, nos leva a fortes emoções.

Espero poder traduzir, em versos e rimas, as expressões da vida com as quais eu tiver contato.



Luzia M.Cardoso
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sábado, 30 de maio de 2020

Das Rosas



Das Rosas


Quando nasci, eu ouvia falar das rosas.
Rosas rubras que despertavam ruas cruas, duras...
Rubras rosas,
ontem, no horizonte.

Cresci com botas ameaçando as rosas, perseguindo rosas.
Algumas nem eram rubras...
Rosas sob botas
no asfalto,  
pisadas, desfolhadas, 
despetaladas, esmigalhadas...
Rosas,
quando nuvens
cerravam o horizonte.

Jovem, fui às praças e avenidas com as rosas desabrochando 
rubra.
Tantas rosas, 
prenhas, prosas...
Rosas
trançando as cores
do horizonte.

Mais tarde, vi rosas murcharem, 
vi outras se enxertarem, 
tantas plastificadas,  
purpurinadas,
emolduradas.
Nas ruas, rosas luzentes, eloquentes, displicentes .
Rosas 
borradas no horizonte...

Ando a procurar as rosas 
no espelho, 
nas praças, 
nos canteiros, 
por onde passo...
Olho em volta, 
busco aqui, ali,
acolá, além...

Cimentaram os quintais, 
as fissuras das encostas?

Cadê os botões tenros dos roseirais?
Cadê as sementes das rubras rosas?
Germinaram? Germinarão?

Algum dia, em algum tempo, despertarão botões rubros de rosas?
Desabrocharão primaveras no horizonte?

- Rosas!
- Rosas? 

Não há mais rosas?

Não há...

- Rosas !!!!!

                     Luzia M. Cardoso


sexta-feira, 22 de maio de 2020

Diário da Pandemia - ainda em maio



Diário da Pandemia
Ainda Maio


Chega o onze de maio
Nessa quarentena flácida.
Entre gatos e balaio,
A esquerda calma e plácida.

Ratos e gatos em festa
Abocanham de montão
Essa praga tudo infesta,
Quem assiste lava a mão.

Nessa terra de ninguém
Muita bala ė achada
Naqueles sem um vintém,
Cerra a luz da alvorada.

João, um menino preto
Que'um projétil derrubou.
Jovem corpo no concreto
Que o Estado descartou.

Inocentes vão ao chão,
Pobres pretos mas, jamais,
Traficantes d'avião
Cujos cofres enchem mais.

Acampados no Planalto
Fazem a recepção
Ensaiando tom mais alto
Ao silêncio da União.

Capitão no futebol
Pra Covid tomar conta.
Nosso porto sem farol
E um mar que amedronta.

De chacota em chacota -
Cloroquina, tubaína -
É a nação que derrota
Indo tudo à ruína.

Passa de dezoito mil
Mortos, em vinte de maio.
Que pesadelo,  Brasil,
Teu povo cai em deslaio.

Já sem arte sai de cena,
A cultura numas Frias,
Quanta gente s'apequena
Com as novas parcerias.

São mais de vinte mil mortes
Neste dia vinte e dois
E o SUS não tem aportes
Para hoje nem depois.

Uso licença poética
Para por isso passar:
Quebro o pé, erro na métrica,
Com versos a rarear.

Luzia M. Cardoso

Gráfico da Covid-19 no Brasil:

https://br.tradingview.com/covid19/

segunda-feira, 18 de maio de 2020

Quadrinhas Brasilianas XVIII


Abaité*

Tudo pelo seu desejo,
Sem limite a respeitar.
Não há lei pra malfazejo,
Quer a dor para brindar.

Luzia M.Cardoso

*Do Tupi-guarani, gente ruim.

Quadrinhas Brasilianas XVII


Quadrinhas Brasilianas - XVII

Tiririca


Ele era um zero à esquerda
Esquentando a cadeira
Que, cativa, a prole herda,
Agarrada à mamadeira.

Luzia M. Cardoso

segunda-feira, 11 de maio de 2020

Diário da Pandemia - Mai

Diário da Pandemia
Maio

Chegou primeiro de maio,
Dia do trabalhador.
Acordo e me retraio
Num país com morte e dor.

Apesar de haver leitos
Vazios em hospitais,
Definiram pros eleitos
Atendimentos reais.

Direcionando às covas
Aos que somarem mais pontos,
Já nas derradeiras provas,
Sem meios para descontos.

N'arredores do Planalto,
Dois times de futebol.
Ambos chegam em tom alto,
Cortantes como cerol.

No domingo, dia três,
Mais tumulto e confusão,
Bem ao gosto do burguês
Que loteia a nação.

Desmaia, democracia;
Jaz a Constituição.
Muita treva s'anuncia,
Com terror n'escuridão.

Vai dançando as cadeiras,
Só fica quem s'alinhar.
O povo nas ribanceiras
Está preste a despencar.

Já contam mais de cem mil
Confirmados com Covid.
Ultrapassam os sete mil,
Os mortos do mesmo Cid.

Pelas rampas do Planalto
Ecoa um cala a boca
À imprensa no asfalto.
De quem vem, nada mais choca.

Vejam, no sete de maio,
Empresários sobem a rampa.
Uns ou outros de soslaio
Com o que a cena estampa.

Cofres  e CNPJ
Valem mais na pandemia.
Neste país da chacota,
Há ganância em demasia.

CPFs nos caixões
E Planalto insensível
A computar os milhões...
Prática tão incabível!

Nove de maio, churrasco,
Com Covid no caminho?
Vislumbraram o penhasco
E um paredão d'espinho.

Dez mil mortos no Brasil,
Ele acha procedente,
Sob o céu azul anil
Discursa o presidente.

Diz que setenta por cento
Tem que se contaminar
Deixa'o povo ao advento,
Para o vírus enfrentar.

Hoje, são dez mil, quinhentos
E cinquenta e seis mortes.
Negados ao SUS fomentos,
Fica'o povo à própria sorte.

Ouve-se Ele dizendo
Que vai a dois mil e vinte
E sete... Se precavendo?
Maia, por conseguinte,

Segue esfriando impeachment,
Com os velhos panos quentes
Mais reforça o'empowerment
De tão ardilosas mentes.


Luzia M. Cardoso

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