Verão (Dueto Odir Cunha e Luzia M. Cardoso)

Na Boca da Noite

Varando Ventos

Varando Ventos

Ventos que me levam a nunca mais.

Vendavais que volteiam o mês de agosto.

Vão-se folhas e meus sonhos pros umbrais.

Velando-os, vario nesse posto.

Ventos que arrastam os temporais,

Vozes que ressoam em minha mente,

Vertem sombras, ficando tão reais.

Vagueando, sinto-me dissidente.

Viajo... Vazo o tempo, pulo o muro,

Violando um vazio batismal.

Vadia, eu me lanço no escuro.

Voo ao valo, volante... Vital .

Vastas são as nuvens... Descem em pranto.

Violentas, isolam-me num canto.

Luzia M. Cardoso

Poema e foto

Rio de Janeiro, 16 de agosto de 2012

Oração do Ser Errante

Ensaios: Poema declamado https://soundcloud.com/luzia-cardoso-guarani-kaiow/oracao-do-ser-errante-1

Hoje, 22 de dezembro de 2021, ao assistir o show de Roberto Carlos e ouvi-lo cantar Nossa Senhora, compreendi que o meu poema dialoga com a sua música. Ambos somos cristãos, contudo, temos concepções distintas acerca da existência e da dor e essas diferenças se revelam em nossos poemas.

Em "Nossa Senhora", assim diz Roberto Carlos:

"Se eu curvar meu corpo na dor

Me alivia o peso da cruz

Interceda por mim minha mãe junto a Jesus."

Tanto eu quanto Roberto Carlos recorremos à Nossa Senhora ao temermos o momento da dor e solicitamos por Sua ajuda. Existe, no entanto, uma diferença na forma como compreendemos a origem da cruz e a forma como acreditamos poder diminuir o seu peso.