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Aqui trataremos de tudo aquilo que nos emociona.

A vida, em todas as suas formas e manifestações, nos leva a fortes emoções.

Espero poder traduzir, em versos e rimas, as expressões da vida com as quais eu tiver contato.



Luzia M.Cardoso
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terça-feira, 20 de novembro de 2018

Ondas


Ao meu amigo
Fernando Szklo,

Ondas



Corpos vagueiam e se desconhecem,
Milhares de rostos tendem a pouco falar,
Olhos diversos também emudecem
Ao giro da roda que nos larga a girar.

Mas, se a noite cai, as estrelas aparecem
E tempestades nos levam a nos abrigar.
Na travessia, há mãos que se oferecem
E braços que chegam para nos abraçar.

E esse vai e vem que concebe o ludibrio,
Que sempre que vem nos leva ao escabrio,
Revela que em sombras nem tudo é sombrio.

Se rodas emperram, há algo a azeitar.
Tem lá nos ponteiros sonhos para sonhar
E no tormento do mar, haverá terras a avistar...


Luzia M. Cardoso

sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Pacto do Silêncio


"Um país que quer ser grande 
tem que proteger quem 
não terminou de crescer." 
(Programa Nacional de Enfrentamento 
da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes)

Pacto do Silêncio


E no sacrossanto lar
Lá, na sagrada família,
Que a menina Cecília
Anda, aos cantos, a chorar
Pensa, até em se matar.
Ela vive atormentada,
Autoestima rebaixada,
Sem ninguém pra confiar.

Lá, entre quatro paredes,
O silêncio fez-se pacto,
A cegueira causa impacto.
Grandes mãos violam redes
E outros membros... Vós não credes?
Estão sempre a assombrar,
Não respeitam seu lugar.
Criam oportunidades
E cometem atrocidades
Que tendem a perdurar.

O cuidador causa medo
Insistindo’em lhe tocar
E seu corpo violar.
Dias, sóbrio, dias, bêbedo,
Ele abusa desde cedo,
Muito antes d’ela andar,
Muito antes de falar.
Fraldas, ainda usava,
Já no berço onde estava,
Grandes mãos iam assombrar.

Anos e anos passaram
E Cecília encolhia,
Sua face’entristecia.
Móveis mudos se fecharam,
Corpo e alma destroçaram,
Lá, no sacrossanto lar,
Onde as sombras vão reinar.
Cecília vive’em perigo,
Pensa qu’aquilo é castigo,
Que não há como’evitar

Para a mãe já quis contar,
Ele logo ameaçou,
Mais violento ficou,
Dizendo qu’ia matar
Qu’ela tinha qu’aceitar.
E xinga de vagabunda,
Diz qu’é menina imunda,
Que tem que se sujeitar.
Ela vive a sufocar
Na tristeza em que afunda.

Certo dia, na escola,
Ela ouviu, numa lição,
Que podia dizer “Não”.
Qu’o corpo não se viola,
Que criança não s’isola.
E que, se assim for feito,
A justiça dá um jeito,
De que tudo tenha um fim.
Chamando o ente ruim
Pra corrigir o sujeito.

E Cecília, confiante,
Foi falar à professora
Sobre os dias qu’a apavora.
Ouvindo da estudante
O fato tão humilhante
Resolveu que ia acionar
O Conselho Tutelar.
Conselheiro, prontamente,
Pegou o caso de frente,
Se pôs a investigar.

Foi à casa de Cecília
Ouvir cada responsável
Sobre o inaceitável.
E ouviu toda a família,
Inclusive, a Cecília.
Pediu avaliação
E de multiprofissão.
E, assim, se constatou
O horror qu’ela passou
Nos anos de solidão.

Afastou o agressor
Promovendo a proteção
De Cecília e do irmão.
Com juiz e promotor,
Para o réu, o defensor,
Coibindo o abuso.
Criança não é pra uso,
Nem pra satisfazer tara,
Conforme se comprovara
No que estava escuso.

Mas um dia, certa gente
Resolveu tudo mudar
E professores calar,
Apresentando, urgente,
Uma norma’inconsequente.
Dizendo ser deletéria
O que tratava a matéria.
Inventaram kit gay.
Alguém viu?  Eu indaguei.
A nota não era séria.

Mas o estrago foi feito:
Professores com mordaça
E criança em desgraça,
Para grupo satisfeito
Com o que havia feito.
Cecília, Ana, João,
Mariana e o irmão,
Mais crianças inocentes
E também adolescentes
Sob tal aberração.

S’escola não informar
Sobre o corpo, sua função,
Não disser que há sanção
Para quem vir maltratar,
Da infância abusar,
Outras serão violadas
E, também, assassinadas,
Lá, no sacrossanto lar.
Pois quem devia cuidar
Impõe que fiquem caladas.

Luzia Magalhães Cardoso











domingo, 11 de novembro de 2018

Formigueiro Atarantado




Formigueiro Atarantado


Formigueiro atarantado,
Atolado em fumaça,
Deixa o ninho descuidado
E a tudo ele rechaça.

Já não segue emparelhado,
Roda aqui, roda acolá.
Rodando por todo lado,
Reticente blá, blá, blá!

 Tamanduá à espreita,
Que não liga pra besteiras,
Faz a cama e se deita.

Já não teme ferroadas
E devora as fileiras
Pelo vento carregadas.

Luzia M. Cardoso

sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Assombrados




Assombrados



O que são as sombras,
Se não projeções de algo
Que, por mediações,
Cria formas
Ao obstruir a luz do Sol?


O que são as sombras,
Se não imagens
Distorcidas pelo ângulo,
Pela distância
E pelo movimento
De algo que dista
Entre o Sol
E o expectador?

E o que são os expectadores
de sombras,
Se não meros assombrados?

Tontos, já se perderam
da luz do Sol.

Luzia M. Cardoso



Sombras - Tela de Fernando Szklo.
 Tinta acrílica sobre papel Canson para aquarela

quinta-feira, 1 de novembro de 2018

ET IMPOTES MENTIS

Tela de Heitor Rico
Óleo sobre tela - 28\12\1962
Exposição do Museu do Inconsciente - HPII, RJ
Foto de Luzia M. Cardoso



ET IMPOTES MENTIS



No horizonte, a tempestade
Assoprando um vento frio;
Ao açoite, a liberdade;
Aos destroços, tanto brio.

E o sol que não desponta
E o luar que não responde
E a noite que amedronta
E a sombra não s’esconde...

Cabisbaixa a boiada
Vai seguindo, em fileira,
Para a lâmina afiada,

Que a terra mais arrubra
Com a massa na esteira,
Que, demente, elucubra.

Luzia M. Cardoso




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