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Aqui trataremos de tudo aquilo que nos emociona.

A vida, em todas as suas formas e manifestações, nos leva a fortes emoções.

Espero poder traduzir, em versos e rimas, as expressões da vida com as quais eu tiver contato.



Luzia M.Cardoso
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sexta-feira, 16 de junho de 2017

GRILHÕES



Grilhões


Co’Amor de minha vida
Pensei em ser feliz,
Logo, surpreendida,
Co’a vida por um triz.


Xingou-me de vadia,
Piranha, arrombada...
Que,’agora, me queria
Ver morta na estrada


Desfez do que eu fiz,
De todos os meus amigos
Cortou-me a raiz.


E diz que me protege
Tornando-se o perigo,
Pintando-me de bege.


Depois dos safanões,
Dos chutes, bofetadas,
Suplica por perdões,
... Me sinto tão culpada...


Rasgou meus documentos,
Movido a rancor.
De mágicos momentos,
Ao inferno da dor.

Diz que se arrependeu
Que não estava em si
Quando me ofendeu


Eu sinto tanta pena,
Que fico presa aqui,
Com rezas e novena.


Há dias de carinho
Seguidos às explosões.
Lá fora, tão mansinho...
Cá dentro, turbilhões.


Até pensei fugir...
Olhando os meus filhos,
Não vi pra onde ir,
Com tantos empecilhos...


Há os que acreditam
Que gosto d’apanhar
E muitos me evitam.


Pensam que sozinha
Posso me libertar
Do mal que s’avizinha.


Em mim, não creio mais,
Sinto não ter saída.
Distante da tal Paz
Em trágica partida


E sigo a vida assim...
Rodo num ciclo louco.
Sem forças, já sem mim...
Morrendo, pouco a pouco.


Às vezes, na certeza
De ser o próprio mal,
Largo-me à correnteza...


Noutras, já acredito
Ser tudo tão normal,
Fecho meu veredito...


 Luzia M. Cardoso

sábado, 3 de junho de 2017

Chuva (revisada)



Chuva 



Desaguam cinzas nuvens em meus olhos,
No tempo que se esvai com o meu lugar.
Insisto nas lembranças que eu recolho...
Mas imagens teimam em se apagar.

As águas rolam turvas na estrada,
Arrastam, em seu leito, a solidão.
Sussurram que no tempo não sou nada,
Como todos, um pó na imensidão.

As gotas já escorrem na vidraça,
Cortam finos sulcos em minha face
E frio o vazio já me abraça...

Ah, Tristeza, um infinito enlace
Que o vácuo em minha vida espaça...
E a chuva em meus olhos não disfarça.

Luzia M. Cardoso
RJ, 03\06\2013

sexta-feira, 2 de junho de 2017

Coração ao Vento

Glosa:

“O amor meu peito irriga
Mas depois me deixa sem.
Ninguém a ninguém obriga
A dar amor, querer bem...”

Poema “A Mulher que Amei
Odir Milanez Cunha



Nuvens desenham no céu
alguns sonhos de paixão
guardados em meu coração.
Chuva que desce ao léu
vem fazendo um escarcéu.
Suavemente já instiga
o que meu corpo abriga:
a fagulha da fogueira.
Sob a lua feiticeira,
“o amor meu peito irriga”.


Aprofundam-se raízes.
dos desejos em meu peito.
que contesta, sem efeito,
a razão, em tantas crises.
Em momentos de deslizes,
o amor, feito posseiro,
chega como lhe convém...
Incendeia o corpo inteiro
e promete um candeeiro,
“mas depois me deixa sem.”

E soluça o coração.
Bate forte, esperneia,
suplicando o que anseia.
Luta contra a solidão...
Grita: - Não, não, não, não!
Mais lateja a ferida...
De joelhos, sou mendiga
com a alma corroída...
Não impeço a despedida.
“Ninguém a ninguém obriga.”


E me envolve o manto
que o inverno vem tecer...
Não há mais o que fazer.
Desalinha-me o pranto,
e me dói, demais e tanto,
ser abraços sem ninguém...
Só ausência... Nada além....
Vou aos poucos constatar:
Quem partiu não vai voltar
“A dar amor, querer bem...”



Luzia M. Cardoso

Onda da Noite



Lá no fundo do oceano
numa ostra, um grão entrou.
Foi ficando muitos anos,
de repente, algo mudou.

Forte dor fez germinar
a pérola mais brilhante,
nunca vista em outro lugar,
de cor rosa cintilante.

Num dia de tempestade
na ressaca, ela quebrou,
se perdendo na saudade.

E a noite, muito fria,
virou onda e a arrastou.
Deixando concha vazia.

Luzia M. Cardoso

Desertificação





Desertificação



Eram tantas árvores no cenário,
Fortes troncos e copas majestosas,
Por lá, uma cresceu ambiciosa,
Levando outras tantas pro calvário.

E ventos derrubaram a criação
Ceifando, de seu solo, muitos brotos
Deixando, nas sementes, natimortos
De forma a doer o coração.

E vi algumas árvores tentarem
Do nada, refazer sua ramagem,
Lutando fortemente co’a estiagem.

A poda empobreceu todo espaço
Partida, até a Vida desfez laço.
Ecoa, enfim, o apito da arbitragem.





  Luzia M. Cardoso

Meu Corpo


O meu corpo, entre tantos, procuras?
Desejas ir por curvas e arredores?
Contudo, minhas chagas, que não curas,
Sangram, trazendo ao tempo dissabores.

Vês apenas as cores que anseias.
Clamas por calor para t'aquecer.
Contudo, o meu inverno tem cadeias.
Cadeias nos impedem d’além ver. 

Tu queres dos meus passos o segredo,
Almejas uma musa feita em sonhos,
Enquanto eu sonho séquitos medonhos.

Nos versos, teus poemas chamam flores.
Sonetos teus despertam mil amores...
Mas nuvens que se adensam causam medo!...

LMC, RJ, 30\03\2013

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