Grilhões
Co’Amor de minha vida
Pensei em ser feliz,
Logo, surpreendida,
Co’a vida por um triz.
Xingou-me de vadia,
Piranha, arrombada...
Que,’agora, me queria
Ver morta na estrada
Desfez do que eu fiz,
De todos os meus amigos
Cortou-me a raiz.
E diz que me protege
Tornando-se o perigo,
Pintando-me de bege.
Depois dos safanões,
Dos chutes, bofetadas,
Suplica por perdões,
... Me sinto tão
culpada...
Rasgou meus documentos,
Movido a rancor.
De mágicos momentos,
Ao inferno da dor.
Diz que se arrependeu
Que não estava em si
Quando me ofendeu
Eu sinto tanta pena,
Que fico presa aqui,
Com rezas e novena.
Há dias de carinho
Seguidos às explosões.
Lá fora, tão mansinho...
Cá dentro, turbilhões.
Até pensei fugir...
Olhando os meus filhos,
Não vi pra onde ir,
Com tantos empecilhos...
Há os que acreditam
Que gosto d’apanhar
E muitos me evitam.
Pensam que sozinha
Posso me libertar
Do mal que s’avizinha.
Em mim, não creio mais,
Sinto não ter saída.
Distante da tal Paz
Em trágica partida
E sigo a vida assim...
Rodo num ciclo louco.
Sem forças, já sem mim...
Morrendo, pouco a pouco.
Às vezes, na certeza
De ser o próprio mal,
Largo-me à correnteza...
Noutras, já acredito
Ser tudo tão normal,
Fecho meu veredito...
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