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Aqui trataremos de tudo aquilo que nos emociona.

A vida, em todas as suas formas e manifestações, nos leva a fortes emoções.

Espero poder traduzir, em versos e rimas, as expressões da vida com as quais eu tiver contato.



Luzia M.Cardoso
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sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Diário da Pandemia: primeira semana de agosto

Diário da Pandemia : primeira semana de agosto

Luzia M. Cardoso


Minimizam Pandemia Pra tratar do réveillon, Do Carnaval, fantasia, Do turismo no Leblon. Num mundo de transações Cada vez mais virtuais, O Brasil gasta milhões Nos tais duzentos reais. Pintam o lobo guará Onde'o povo não vai ver: Da floresta sumirá; Na nota, poucos vão ter. As sessões no parlamento, Quando há, são virtuais, Mas já dão consentimento Às aulas presenciais. E a tal da Cloroquina Produzida por aqui, Aos custos de uma mina Com seus quilos de rubi? Não s'importam se inócuo No combate à covid. Se aos bolsos for profícuo, A ciência não decide. O garoto propaganda, Lá do planalto central, Por meio de larga banda, A promove pra geral. Cloroquina e Anitta, Dentro do Santo Graal, Viram a fórmula bendita Para o combate do mal. As populações indígenas Muito mais desprotegidas. Omissões, tão obscenas, Às ações dos genocidas. Morreu cacique Xavana, Das Aldeias de Xingu. Morre cacique Aritana, Pranto alaga ocaruçu.* Aritana era um estadista Para os povos de Xingu. Cá, há ultradireitista Pior que surucucu. Tem ministro a conversar Com garimpo ilegal Qu'entra para desmatar E aos índios fazer mal? Mais de mil mortos por dia, Nos mandam tocar a vida... Vexatória ironia E ainda alguém duvida. Altas taxas há dois meses Prevalecem no Brasil. Já no tom são descorteses Quando apontam pros cem mil Cem mil mortos por Covid Não afeta o coração De quem diz ser quem decide Os destinos da Nação. Havia outras opções Pr'um presente diferente Mas, movidos por paixões, Ergueram o pior ente. Mas a Terra é redonda, Segue firme a rodar. Hoje, na crista da onda. Amanhã, vai afundar. Logo, vai submergir Num buraco solitário. Não faz nada pra luzir, Ser das trevas, caudatário.

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* Ocaruçu, em Tupi, significa praça grande, ocara, centro da taba, terreiro central da aldeia
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https://www.terra.com.br/noticias/coronavirus/producao-de-cloroquina-coloca-bolsonaro-na-mira-da-justica,eb92420735306d97f69f1dacfd0


segunda-feira, 3 de agosto de 2020

Diário da Pandemia: Julho



Diário da Pandemia:  Julho


Tanta gente está morrendo,
Nada disso é natural.
Festas e bares fervendo.
A loucura é sem igual.

Lá se vão 60 mil
Vidas pro vírus perdidas
Nessa ganância febril
Que aqui é permitida.

Corpos vão ao sacrifício
Para a fome do mercado.
Cada dia é um suplício,
Em transporte abarrotado.

Leis têm decretos vetados,
Se tratam da proteção.
Negócios são acertados
Sem nenhuma hesitação.

As medidas de combate
À Covid-19,
Da ciência pro debate,
Ainda há quem desaprove.

Embora com taxas altas,
Flexionam a quarentena.
Corrompidas e expostas,
Vão sorrindo as hienas.

E aquela foragida
Com amigos no poder
Teve pena enfraquecida
E sem nem aparecer.

No país do laranjal,
A laranja que cair
Aponta pro vendaval
Que castelos faz ruir.

Pro povo não tem dinheiro
Pro salário, hospitais...
Mas o lucro do banqueiro
S'avoluma nos metais.

Gestantes contaminadas
Têm maior risco de morte.
Nas cadeias apinhadas,
Os presos à própria sorte

As populações indígenas
Estão mais ameaçadas:
Invasões, já a dezenas,
Deixam vírus e queimadas.

Julho, segunda quinzena,
Mortos são oitenta mil
O povo, sem quarentena,
Pro abate vai servil.

De Tomé vem o ditado
Que'é preciso ver pra crer.
Se'a morte não está ao lado,
S'aposta em não morrer.

Deixando nas mãos de Deus
Aquilo que podem fazer,
Mais contaminam os seus,
Sem buscar se precaver.

Sem previsão de vacina,
S'isolar é prevenção,
A ciência determina.
Basta de negação!

Vidas dos inumeráveis
Eram bens mais preciosos.
As mortes são evitáveis,
Os omissos, criminosos.

Com ar de normalidade,
Escolas vão reabrir
Os menores de idade
A doença vão transmitir.

Cada um passa pra três
E o vírus entra em casa.
A covid, dessa vez,
Acelera e arrasa.

Vírus solto na calçada,
Do espirro às carteiras
Logo, logo, a criançada
Contamina a merendeira.

Corre risco a vovó,
O papai do amiguinho...
O Brasil "tá" de dar dó,
Vigora o que'é mesquinho.

Com mais de noventa mil
Julho sai deixando a morte.
Triste sina, meu Brasil,
Há pranto do sul ao norte.

Luzia M. Cardoso


domingo, 2 de agosto de 2020

Diário da Pandemia: Junho




 
Diário da Pandemia: Junho



Dos hospitais de campanha
Previstos para o Rio,
Os quais ninguém acompanha,
 Há denúncias de desvio.

Não saíram do papel,
Não prestaram assistência,
Enrolados em carretel
Por tamanha incompetência.

Em Brasília, quem diria,
Fascistas aumentam o tom.
Debocham da pandemia,
Saudosistas do bem-bom.

Dois de junho enlutado,
Mortos, mais de trinta mil.
O povo atordoado
Neste imenso Brasil.

Hoje são quatro de junho,
Mais de mil mortes por dia.
Se um mostra que tem punho,
Outros puxam a rebeldia. 

Entra e sai no ministério.
Não há médico que fique
Quando entope o cemitério
E governo mais complique.

Curva vai desenfreada
Com dinheiro para o ralo,
E gente desembestada
S'aglomera no embalo.

Fazem festa do corona,
Erguem brinde ao Covid.
Se loucura vem à tona,
A doença mais progride.

Interino na Saúde,
Indicado é general.
A morte, amiúde,
Se instala n'hospital.  
 
O vírus, desembestado,
Segue Brasil a dentro.
Se'o povo não for testado, 
Viraremos epicentro.  
 
O vírus não rastreado
Segue sem nenhum controle, 
Deixa o povo atordoado  
Com a morte que o engole.
 
Entram outros militares
Pro segundo escalão.
Saúde requer pilares  
De'uma outra formação.

Pois se fosse ao contrário:
Um médico no batalhão
Que num ato arbitrário
Desmontasse o pelotão,
 
Seria guerra perdida
Com com soldados dizimados
Nossa terra invadida 
Por invasor governados.

Junho vai fechando a porta
E cinquenta e nove mil
Mortes ele já reporta,
Pra tristeza do Brasil.

Luzia M. Cardoso

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