Diário da Pandemia: Junho
Dos hospitais de campanha
Previstos para o Rio,
Os quais ninguém acompanha,
Há denúncias de desvio.
Não saíram do papel,
Não prestaram assistência,
Enrolados em carretel
Por tamanha incompetência.
Em Brasília, quem diria,
Fascistas aumentam o tom.
Debocham da pandemia,
Saudosistas do bem-bom.
Dois de junho enlutado,
Mortos, mais de trinta mil.
O povo atordoado
Neste imenso Brasil.
Hoje são quatro de junho,
Mais de mil mortes por dia.
Se um mostra que tem punho,
Outros puxam a rebeldia.
Entra e sai no ministério.
Não há médico que fique
Quando entope o cemitério
E governo mais complique.
Curva vai desenfreada
Com dinheiro para o ralo,
E gente desembestada
S'aglomera no embalo.
Fazem festa do corona,
Erguem brinde ao Covid.
Se loucura vem à tona,
A doença mais progride.
Interino na Saúde,
Indicado é general.
A morte, amiúde,
Se instala n'hospital.
O vírus, desembestado,
Segue Brasil a dentro.
Se'o povo não for testado,
Viraremos epicentro.
O vírus não rastreado
Segue sem nenhum controle,
Deixa o povo atordoado
Com a morte que o engole.
Entram outros militares
Pro segundo escalão.
Saúde requer pilares
De'uma outra formação.
Pois se fosse ao contrário:
Um médico no batalhão
Que num ato arbitrário
Desmontasse o pelotão,
Seria guerra perdida
Com com soldados dizimados
Nossa terra invadida
Por invasor governados.
Junho vai fechando a porta
E cinquenta e nove mil
Mortes ele já reporta,
Pra tristeza do Brasil.
Luzia M. Cardoso
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