Das Rosas
Quando nasci, eu ouvia falar das rosas.
Rosas rubras que despertavam ruas cruas, duras...
Rubras rosas,
ontem, no horizonte.
Cresci com botas ameaçando as rosas, perseguindo rosas.
Algumas nem eram rubras...
Rosas sob botas
no asfalto,
pisadas, desfolhadas,
despetaladas, esmigalhadas...
Rosas,
quando nuvens
cerravam o horizonte.
Jovem, fui às praças e avenidas com as rosas desabrochando
rubra.
Tantas rosas,
prenhas, prosas...
Rosas
trançando as cores
do horizonte.
Mais tarde, vi rosas murcharem,
vi outras se enxertarem,
tantas plastificadas,
purpurinadas,
emolduradas.
Nas ruas, rosas luzentes, eloquentes, displicentes .
Rosas
borradas no horizonte...
Ando a procurar as rosas
no espelho,
nas praças,
nos canteiros,
por onde passo...
Olho em volta,
busco aqui, ali,
acolá, além...
Cimentaram os quintais,
as fissuras das encostas?
Cadê os botões tenros dos roseirais?
Cadê as sementes das rubras rosas?
Germinaram? Germinarão?
Algum dia, em algum tempo, despertarão botões rubros de rosas?
Desabrocharão primaveras no horizonte?
- Rosas!
- Rosas?
Não há mais rosas?
Não há...
- Rosas !!!!!
Luzia M. Cardoso
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