Chega o onze de maio
Nessa quarentena flácida.
Entre gatos e balaio,
A esquerda calma e plácida.
Ratos e gatos em festa
Abocanham de montão
Essa praga tudo infesta,
Quem assiste lava a mão.
Nessa terra de ninguém
Muita bala ė achada
Naqueles sem um vintém,
Cerra a luz da alvorada.
João, um menino preto
Que'um projétil derrubou.
Jovem corpo no concreto
Que o Estado descartou.
Inocentes vão ao chão,
Pobres pretos mas, jamais,
Traficantes d'avião
Cujos cofres enchem mais.
Acampados no Planalto
Fazem a recepção
Ensaiando tom mais alto
Ao silêncio da União.
Capitão no futebol
Pra Covid tomar conta.
Nosso porto sem farol
E um mar que amedronta.
De chacota em chacota -
Cloroquina, tubaína -
É a nação que derrota
Indo tudo à ruína.
Passa de dezoito mil
Mortos, em vinte de maio.
Que pesadelo, Brasil,
Teu povo cai em deslaio.
Já sem arte sai de cena,
A cultura numas Frias,
Quanta gente s'apequena
Com as novas parcerias.
São mais de vinte mil mortes
Neste dia vinte e dois
E o SUS não tem aportes
Para hoje nem depois.
Uso licença poética
Para por isso passar:
Quebro o pé, erro na métrica,
Com versos a rarear.
Luzia M. Cardoso
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