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Aqui trataremos de tudo aquilo que nos emociona.

A vida, em todas as suas formas e manifestações, nos leva a fortes emoções.

Espero poder traduzir, em versos e rimas, as expressões da vida com as quais eu tiver contato.



Luzia M.Cardoso
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sábado, 27 de maio de 2017

Deformação Trabalhista





Deformação Trabalhista

Poesia de Cordel
Luzia M. Cardoso




Andam dizendo por aí
Que fazem ouvidos moucos
Quem critica a reforma;
Que trabalho há pra poucos;
Que direito é regalia
E bandeira de loucos.

A reforma trabalhista
Causa um grande furor.
Há aqueles que são contra,
Há os que são a favor.
Dentre estes, quem não sabe
Nem que é trabalhador!

Quem defende a reforma
Acha vantagens em tudo:
Trabalhar por doze horas
Sem ter pausas, o sortudo,
Meia hora pr'almoçar.
Já aponta o sabe-tudo.

Vê, ainda, benefício:
Em vez de hora pro'almoço,
Sair cedo do serviço.
Trabalhador, no caroço,
Sem forças pra contestar,
Mói a carne e rala o osso!

Doze horas de trabalho.
Não precisa relaxar.
Nas trinta e seis faz um curso.
É dia pra estudar!
Dizem que é tempo livre
Pr’ainda mais labutar!

Acham que trabalhador
É máquina de trabalhar.
Trabalha sem sentir dor,
Não tem fome a saciar.
Que agradeça ter na vida
Um patrão pra empregar!

- No descanso, façam bicos
Para aumentar sua renda!
Grita, lá, empresário
- Que, de uma vez, se entenda:
Continua, eloquente:
- A reforma é uma prenda!

- Doze por trinta e seis,
Dizem, - fazem os enfermeiros
Que, também, assim o faça
Maquinistas e pedreiros,
Motoristas, aviadores,
Professores e mineiros.

Do trabalho intermitente,
O que falam os defensores?
Acham tudo muito bom.
Balcão de trabalhadores.
Todos, a disposição,
À mão dos empregadores!

Dizem não terem mexido
Na licença maternidade,
Mas é frágil a resposta
À real viabilidade,
Findo o prazo temporário,
Da curta “estabilidade”.

A não ser que no acordo
Haja cláusula prevendo,
O Seguro da gestante
Acabe acontecendo.
Mas se nada for escrito,
Não há direito valendo.

No trabalho intermitente,
Quem garante a licença
Para que a aquela mãe
Não viva como sentença
O tempo para o bebê
E para a convalescença.

Trabalhar mais cinco horas
Na jornada parcial
Sem haver qualquer acréscimo
No valor salarial?
Quem me aponta uma vantagem
Nessa reforma, afinal!

E mais postos de trabalho,
Como que garantirão?
Comprando trabalhador
Via terceirização,
Qu’oferta mão de obra
Com tão pouca proteção?

Para a aposentadoria,
O aumento da idade
É tremenda covardia:
Criarão inquidade
Empurrando o idoso
Para a competividade

Eles falam em liberdade
Para o mercado ampliar.
Pedem o nosso sacrifício
Para trabalho ofertar
E deixam o empresariado
Com sorriso a escancarar!

Nos acordos trabalhistas,
O patrão tem liberdade
Para redigir o contrato
Conforme a sua vontade.
Deixando o trabalhador
Sujeito à necessidade.

Nunca haverá igualdade
Nessa nova relação:
De um lado, um tem poder
Tem dinheiro, proteção;
Trabalhador, n’outro lado,
Sentindo ruir o chão.

A reforma trabalhista
Não é modernização,
Só garante, em seus artigos,
Os desejos do patrão
Estão dando é outro nome.
Pro retorno à escravidão!


Terra Brasilis


Públicos Interesses Privados (atualizado)


Vê a crista d’onda conservadora
Que s’agiganta por todo país?
Homofóbico erguendo o nariz,
Que destila ira avassaladora, 
perigosa e aliciadora
Se dizendo muito bem fundamentado 
E na família bem enraizado. 
Desperta, olha à frente! Sê previdente! 
Se não escolheres teu presidente, 
O Brasil tu verás privatizado! 

Vê, nas manchetes só acusação?
Outro escândalo, tão bem preparado,
Contra o alvo já foi disparado!
Eles golpeiam a nossa Nação,
Direitos, retiram do cidadão!
E tu, já te sentindo enganado,
Acreditas no que te é contado?
Pede prova! Analisa friamente!
Se não escolheres teu presidente, 
O Brasil tu verás privatizado! 

Vê, quem mostra a sujeira d’oponente
Esconde o que há sob seu carpete.
Verbas públicas, vê, já submete
Aos interesses de qualquer parente:
Aeroporto em papel de presente...
Mas helicóptero, recheado,
A sujeira teria levantado...
O que abafaram tão rapidamente!
Se não escolheres teu presidente, 
O Brasil tu verás privatizado!

Cadê o aeroporto lá de Itabira?
Cinco milhões que o povo não mais viu.
Será mistério? Tudo lá sumiu!
Viste um sorriso e quem o exibira?
Se há fumaça, fogo não é mentira!
Não te deixes mais ser enganado!
Lembra o quanto tu foste depenado?
Teu salário sumindo de repente!
Se não escolheres teu presidente, 
O Brasil tu verás privatizado!

Vê, se propaga o canto da sereia
E panfletam o conto do vigário
Para não vermos que nosso calvário
Se constrói com o que se fanfarreia!
Quando o ópio injetam em nossa veia,
No delírio, um é crucificado!
No delírio, tem outro endeusado!
Diabo e Deus aparecem a nossa frente!
Se não escolheres teu presidente, 
O Brasil tu verás privatizado!

Alardeiam ser sonho o pesadelo,
Adensam trevas sobre a nação.
O que é público, jogam ao chão!
Se a elite for nosso modelo,
O que é do povo deixará de sê-lo!
Olha bem quem diz estar ao teu lado,
Ouve o que dele fala o passado,
Se desmascara a face inocente.
Se não escolheres teu presidente, 
O Brasil tu verás privatizado!

Reflita o discurso do candidato
Leia bem seu programa de governo:
Se entrelinhas levam ao inferno;
Se, nas propostas, é tudo inexato,
Pode ser rato fazendo seu prato;
Pode ser roto entre esfarrapado...
Não mais te deixes ser manipulado,
Faz do teu voto ato consciente!
Se não escolheres teu presidente, 
O Brasil tu verás privatizado!


Luzia M. Cardoso





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