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Aqui trataremos de tudo aquilo que nos emociona.

A vida, em todas as suas formas e manifestações, nos leva a fortes emoções.

Espero poder traduzir, em versos e rimas, as expressões da vida com as quais eu tiver contato.



Luzia M.Cardoso
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domingo, 30 de setembro de 2012

A Sunga


A Sunga

Luzia M. Cardoso

Os teus músculos perfeitos
Deixam-me ar rarefeito
No que queres desnudar.
E consegues o efeito,
Conturbando o meu peito,
Vê meu sangue transbordar.

O teu corpo desse jeito
Muda todo o conceito
Qu’alguém julga preservar.
A tua pele dita o pleito,
Quando posas satisfeito
Para os olhos provocar.

Essa sunga é só confeito,
Sobre o manto, o respeito
Sente a hora de faltar.
E assim eu aproveito,
Nos teus braços, me ajeito,
Deixo a onda comandar.


Rio de Janeiro, 30 de Setembro de 2012

sábado, 29 de setembro de 2012

Pública Afonia (Poema em trovas no estilo medieval)


Pública Afonia



Foi-se o tempo do embate
n’arena, falas expostas.
Hoje, a cena do combate
é à sombra, pelas costas.

A esquerda à direita!
Siga os passos, manda a vez.

O medíocre s’aproveita,
quer valores do burguês.
Com migalhas se deleita,
diz que faz o que não fez.
                                                                    
A esquerda à direita!
Siga os passos, manda a vez.

Se conquistas vão a leis
e ameaçam regalias,
antes que as apliqueis,
vêm, vos calam covardias.

A esquerda à direita!
Siga os passos, manda a vez.

Falsos brilhos sem embargos
 corroendo as carreiras.
Serpentinas e afagos
abrem portas nas barreiras.

A esquerda à direita!
Siga os passos, manda a vez.

Traças sobem entre canos
onde oprimem operárias.
Não s’importam com os danos,
vão roendo arbitrárias

A esquerda à direita!
Siga os passos, manda a vez.

E os membros engessados
dizem que nada mudou,
pois, assim, tão amarrados,
ninguém viu, nem escutou.

A esquerda à direita!
Siga os passos, manda a vez.

A ordem vai pelo avesso,
maquiando o seu tom.
Todo lema é réu confesso,
da expressão matou o som.

Virtual é a bandeira
Cujo mastro a mão largou.


Luzia M. Cardoso
RJ, 29 de Setembro de 2012

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Da Prostituição à Profissionalização




DA PROSTITUIÇÃO À PROFISSIONALIZAÇÃO



Com licença, meus senhores
Permissão, parlamentar,
Com respeito a quem labuta,
Venho aqui pra ponderar
Sobre a prostituição
Se tornar uma profissão
Como querem legislar.


Já vem de 2004
Esse Projeto de Lei
para torná-la legal.
Ainda não encontrei
Qual é a sustentação
Pra dizer que é profissão,
No tanto que pesquisei.


Também sei que a meretrice
É antiga na história.
Muito antes de vir Cristo,
Foi ao auge, teve glória.
Recebeu adoração,
D’uma deusa, proteção.
Era ação compensatória.


Mas o tempo foi passando...
Povos sempre a guerrear,
Poucos no topo do mundo,
Querendo sempre mandar.
As pessoas exploradas,
As mulheres dominadas,
Alguns homens pra castrar.


Nessa nova condição,
Meretriz perdeu valor
E foi muito perseguida,
Despertando o rancor.
Por alguns foi desejada,
Machucada, maltratada
Sem poder gritar de dor.


Muitos anos se passaram,
No mundo tudo mudou
Com as coisas inventadas,
Mas há algo que ficou:
Pouca gente no poder,
Milhões sem o que comer,
Sem o fruto que plantou.


Sem comida, nem guarida,
Crianças pra alimentar,
Era hora de ir pro mundo,
Sob o sol ganhar lugar.
E por dentro se migrou
E pra fora emigrou
Para a vida ir ganhar.


Novo século chegou.
Mais gente dorme na rua;
Jovens qu’engole o tráfico.
A batalha nua e crua
Não sustenta a escola.
Pro salário que é esmola,
A miséria s’insinua.


Nesse ritmo aflito,
Crescem guetos e favelas
E na droga a rendição.
Bancas trancam as ruelas,
Mais pra prostituição.
Fecha o tempo na nação,
Nosso povo se acautela.


Tuberculose nas sombras,
DST's pelos cantos,
AIDS voltando ao jogo,
Hospitais não tem pra tanto.
Meu senhor parlamentar,
Tenho mais pra lhe falar
E agora me adianto.


Sei que a intenção é boa.
Uma nova condição
pensa que irá gerar.
Pontuemos desde então:
Carteira profissional;
Previdência Social;
Meretrício profissão.


E surgirão mais "empregos"
Na velha indústria do sexo:
Do turismo sexual,
Com submundo anexo,
Sairão muitos agentes,
Dentes brancos, sorridentes,
E um convite mais complexo.


Prostituir-se é trabalho,
Uma nova profissão.
Nas ruas ou no bordel,
Haverá até plantão
Pra aumentar o salário.
Vão querer estagiário
Para qualificação.


E o tempo e a idade
Para aposentadoria?
Vinte anos de labor,
Com quarenta, assim diria.
Se sexo profissional,
Previdência especial
E justiça se faria.


O que diremos ao jovem
Que pensar no seu futuro
Ir pra prostituição?
Ocorrerá, t'asseguro.
Se é trabalho oficial,
A escolha é legal,
Mesmo que com jogo duro.


Trago agora a questão
Sobre os riscos do labor:
Se’a camisinha furar,
Dará o empregador
Os dois seguros saúde?
Convenhamos, ataúde
Causará um grande horror!


Se com tantas horas-extras
A barriga despontar?
Se não for um pneuzinho?
Se'a pessoa engravidar?
E agora, meu senhor,
Responda-me, por favor.
Quem o bebê vai criar?


S'alugar corpo é legal,
Não podemos proibir
O comércio de seus órgãos,
Nem o tráfico impedir.
Venderão sangue ali,
Um rinzinho por aí,
Fígado que repartir.


Quero amor e amizade
Muito livres pra doar.
Não os quero no mercado
Produtos para comprar.
E sexo que dê prazer
A quem nele s’envolver
Sem ninguém violentar.


A purpurina nos guetos
Não protege o cidadão,
Nem gera oportunidades,
Mas acesso à educação,
Um teto com assoalho,
Mais oferta de trabalho,
Já fomentam a inclusão.


Garantir em cada bairro
Ruas amplas com escola;
As pracinhas bem cuidadas,
Com campo pra jogar bola;
Biblioteca operando
E crianças retirando
Do trabalho, da esmola.


Também acesso direto
A todos'os níveis d'ensino.
"Educação para todos!"
Este é o refrão do meu hino.
Dar tudo com equidade,
A toda e qualquer idade,
Garantindo bom destino.


Dar mais tempo para os pais
Verem os filhos crescer,
Sem ter medo do futuro,
Sem brigar para comer.
Ciclovias na cidade,
Saúde de qualidade,
Sem pagar pra merecer.


Para os “sem” a sua terra,
Pras raízes lá fincar,
plantar e colher os frutos.
As fontes, sempre cuidar.
Há que ter muita atenção
Aos rumos desta Nação
Pro barco não afundar.


Lei pra acessibilidade
Nas calçadas e nos prédios,
Nos transportes coletivos.
Que não sejam privilégios
O direito de viver,
Condições para nascer,
Não sofrer nenhum assédio.


Luzia M. Cardoso
RJ, 15 de Setembro de 2012

domingo, 9 de setembro de 2012

Do Ventre da Pátria


Do Ventre da Pátria


Oh, Vida, dai mais força aos seus soldados
às portas da batalha derradeira.
Pela pátria, vêm sendo deserdados
e terão que lutar pela bandeira.

As vis promessas rolaram os corpos
daqueles que a ordem arrastou.
Progresso? Quem esbanja os esforços
dos filhos da terra qu’agigantou.

Mas se ergue do berço a liberdade,
Cansada de aguardar na imensidão
Partilharem os frutos com equidade.

Senti a onda intensa no horizonte!
Ouvi o brado dessa multidão!
Vede, a rosa é rubra ali defronte!

Luzia M. Cardoso
RJ, 09 de Setembro de 2012

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Soneto ao Sete de Setembro


Soneto ao Sete de Setembro




Nas trilhas d’Oiapoque ao Chuí
há rugas mestiças em muitas faces;
dos frutos do trabalho, há desenlace;
a sangue, regam as terras aqui.

Servis olhares cerram guetos gélidos,
temendo os estrondos dos fuzis
erguidos pelos braços juvenis...
São filhos dessa pátria e excluídos.

E o verde das florestas tropicais
desbota, como a cor dos manguezais,
às margens dos rios que vão aos ares.

Mas vibra forte o eco: “Não, jamais!”
Nas longas e altas ondas desses mares,
na garra dos quilombos dos palmares. 

Luzia M. Cardoso
Poema, desenho e edição
Rio de Janeiro, 07 de setembro de 2012

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