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Aqui trataremos de tudo aquilo que nos emociona.

A vida, em todas as suas formas e manifestações, nos leva a fortes emoções.

Espero poder traduzir, em versos e rimas, as expressões da vida com as quais eu tiver contato.



Luzia M.Cardoso
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sábado, 31 de março de 2012

Um olhar sobre a Penha



Paisagem



Poema premiado com medalha de ouro no I Salão de Artes e Poesia Cândido Portinari - ANBA - Câmara Municipal de Niterói, RJ - 27\04\2012

"Paisagem" - Esse poema foi criado a partir da foto-presente que minha amiga Cláudia Soutinho me enviou no meu aniversário. E seu carinho era tanto, que cresceu, tomou o espaço. Criou asas, fez-se em versos. Subiu à lua, mirou o mar. Tornou-se feixe luminoso e brincou sob o luar. E assim, foto-poema pulou dos olhos ao coração.

segunda-feira, 26 de março de 2012

No Tempo








Por mais um ano, agradeço às Forças Supremas do Universo, e aos amigos e amigas pelas boas vibrações. 

sexta-feira, 23 de março de 2012

Lá vai o trem, levando Chico







Lá vai o trem levando Chico
Luzia M. Cardoso



E o trem chegou... Lá vai Chico.
Chico multiplicado...
Professor no humor,
Com passos gingados nessa avenida.
Chico cearense, Chico nacional,
Chico Total.
Sensacional!!

E o trem parte... Adeus, Chico.
Eu por aqui ainda fico
balançando o meu lenço
nessa estação maltratada,
a que ainda pertenço.

Não conheci o Rio Antigo,
mas eu brinquei na calçada
e vou hoje espremida,
nessas ruas maltratadas.

E o trem some, Chico...
Deixando um rastro de lembranças:
o vampiro brasileiro
arruaceiro.
Painho, Profeta, Nazareno,
Justo corrupto,
tão verdadeiro.

E tua luz brilha... Chico...
Na película de cinema,
nos CDs e DVDs,
no reprise da TV,
na retina de meus olhos
e no meu carinho por você.

RJ, 23\03\2012

quarta-feira, 7 de março de 2012

Violência contra a Mulher: o que fazem com a colher?



Violência contra a mulher: o que fazem com a colher?



Foram-se vinte séculos corridos 
E, já, mais de uma década de um novo,
Mas o comportamento abusivo
Ainda é praticado e permitido, 
Por isso, esse tema é discutido.
Embora existam Cartas de Direitos 
E as previstas penas p'ros delitos,
Imperam o desejo de conquista,
Com cercas ao que temos sempre à vista
E os "homens" não se sentem satisfeitos.


Marcam a história da'humanidade
Invasões, guerras e escravidão
E com práticas de dominação
Que demonstram tamanha atrocidade
Na desumana sociabilidade.
Violência é a forma de poder
Possuir o que não se pode ter,
Por meio do silêncio e pelo medo,
Com códigos que ficam em segredo,
Nas sombras, onde ninguém pode ver.


P'ra dominar, não basta a coerção,
Do povo, é necessário o consenso,
Omitindo haver qualquer dissenso.
Fazem verdade uma só visão,
Impedindo qualquer contestação.
As raízes penetram a igreja,
Qu’ecoa um uníssono “Assim seja!”
Em poucas mãos, a pinça da justiça.
Se'um lado da balança um outro iça,
A espada defende o que se almeja.


Assim, tornou-se fato a opressão
E a desigualdade natural.
Riqueza concentrada é normal,
Dizendo ser trabalho a exploração
Na luta em que brigamos pelo pão,
Que não garante nem mesmo um teto.
Encurralados, à sombra do gueto,
Perdendo até o chão em que pisamos.
Vi-o-lên-cia? Resistindo nós vamos
Na dita dura letra do'alfabeto.


O poder vem mostrando sua cara:
Masculina, branca, adulta, rica!
Outro grupo com ele prevarica.
A equidade fica ainda mais rara
Quando o Parlamento também ampara
A lógica que gira o capital.
Sem fronteiras, é internacional.
A massa, dividida em minorias,
Sucumbindo ao peso desses dias,
Crendo que vem de si todo esse mal.


Crianças educadas com o tapa;
Adolescentes, com mais agressão;
À velhice, destinam ingratidão...
E a família aos poucos s’esfarrapa,
Com toda a violência qu’a solapa.
Nessa cartilha do sub-me-ter,
Manda quem tem, matando o próprio ser.
E jaz o amor no meio das amarras...
E pesa a mão de afiadas garras...
O mais frágil não sabe o que fazer.


Violência tem bases econômicas:
Um grupo sufocando a maioria;
Ações contradizendo a teoria.
Nas ideias e nas tramas históricas,
Aparecem bases ideológicas.
A plataforma tem os seus pilares!
Falsos valores dominam os ares,
Dando à violência sustentação
Nas formas dessa discriminação,
Presente dentro e fora dos lares.


Intolerância rege a vontade
De quem só vê a si e ao outro não.
Tratando a quem se opõe com exclusão,
Vão distorcendo a realidade
Para dizer que é dele a verdade.
Isola, mente, trai e manipula,
Acobertado por quem o adula,
Mantendo o poder em sua mão.
Semelhantes na sua sucessão,
Garantem seu espaço nessa cúpula.


E dessas relações é consequência
A forma como tratam as mulheres:
Como comida de poucos talheres;
Pr'ascensão, negam nossa competência;
Na função que depende d’aparência.
Se’a peça do xadrez não for um homem,
E uma mulher para o cargo indiquem,
Garantem que, estando no comando,
Do homem reproduza a voz de mando,
Da própria visão, ela s’abstém.


Na mesma função, com menor salário,
Vai trabalhando como qualquer homem.
Muitas atividades a consomem:
Vem da fábrica; do labor agrário;
Do comércio; do serviço bancário;
Do mercado formal ou informal...
Mas quando volta à casa, é sempre igual:
É sala, cozinha, roupas, crianças...
Na água da limpeza, as esperanças
De haver igualdade no final.


A Previdência querem reformada.
Mulher pr'aposentar não terá tempo.
Se conseguir, leva o contratempo
De ser, frequentemente, questionada
Da tal igualdade reivindicada.
Tantas em trabalho sem proteção,
Sem de seus direitos terem noção.
Tão longe dessa aposentadoria.
Sem contar o tempo que lhe daria
A sonegada contribuição.


Ao outro fardo não recompensado,
Deram o nome de “prendas do lar”,
Sugerindo as quotas a pagar.
Quem paga? O marido explorado?
A mulher, com bicos por todo lado?
O dinheiro não brotará do chão!
Se for do lar, esconde-se o patrão.
Empurra-se a mulher para o mercado,
Co’a prole sem amparo, um bom bocado
Defende que essa seja a solução.


E se repete sempre a mesma história.
Quando irresponsável é outro ator,
Sustenta a si e ao feto com labor.
E sua cria gera solitária
Mulher em diferente faixa etária.
Quando o ventre pede proteção,
Quando tudo vira alucinação,
A lua cheia fica escura e fria.
A noite chega e esconde a luz do dia,
No tempo que não ouve oração.


E tantas mulheres morrem de parto:
Por negligência ou ignorância;
Omissão de socorro; imperícia;
Eclâmpsias; complicações d'aborto:
Infecções, devido ao feto morto;
Por falta de acesso ao pré-natal;
Por não haver mais vaga no hospital...
A mulher tem que suportar a dor,
Sozinha ou com gente ao seu redor,
Se automedicada é fatal.


E no meio de tanta violência
Que vemos ilustrada nos jornais
E dá ibope a tantos canais;
Que mostra do governo a ausência,
Da sociedade, a anuência,
Violada nas cenas da TV:
“Estava bêbada! Foi lá p'ra quê?”
Ouvimos ecoar pela cidade.
Foi ficção ou foi realidade
O que os olhos não quiseram ver?


Nos casos em que homem engana moça,
Qu’envergonhada, não faz a denúncia.
Levando a gravidez por consequência,
Do álcool que lhe pregou uma peça.
E, logo, em sua vida ela tropeça.
Foi induzida, com sagacidade.
E apesar daquela atrocidade,
O fato se transforma em balela.
Por outro crime, ele foi p'ra cela,
Deram ao segundo prioridade.


E lá, no santo lar, seu companheiro,
De união estável ou nem tanto,
Num golpe, abre as fendas pro seu pranto:
Por droga, álcool, falta de dinheiro;
Na ira qu’impera o tempo inteiro;
Nos chutes, xingamentos, privações;
Nos socos, queimaduras, empurrões...
A vida fica à ponta da navalha.
E a fraca promessa que embaralha
O pouco que alcançava a visão.


E com identidade ameaçada,
Quando lhe escondem os documentos,
A face já revela o abatimento
Dos dias em que vem sendo espancada.
Sem crenças, sem sonhos e sem mais nada,
Começa a procurar em si a culpa.
Para o homem, arranja uma desculpa...
Girando num círculo vicioso,
Com futuro muito mais tenebroso,
Caso uma outra porta não se esculpa.


Maria da Penha não abriu mão,
Co’as marcas de seu corpo fez a Lei.
Mudanças? Acredito que verei.
Agredir a mulher vai dar prisão?
Com denúncia da vítima ou não?
Contudo, só nos casos de afeto,
Ficando outros tantos em aberto,
S’encobertas as relações de gênero.
Por meio do cordel aqui pondero,
Tentando refletir sobre o objeto.


Entre a mulher e o homem há igualdade?
Está equiparada a força física?
Expõem-se igualmente à ação psíquica?
Têm iguais fases de fragilidade?
E a histórica subalternidade?
O fato não se restringe a afeto,
Nas outras relações, nem é discreto.
S'essas lentes revelam a crueldade,
Sejam usadas, sem meia verdade.
Indiferença reforça o ímpeto.


Desculpem-me, quebrei o protocolo,
Dei uma forma pouco usual
À fala da assistente social.
Nos casos tristes que aqui desenrolo
Têm fibras que dão vida a este solo
E despontam em flores pelo chão,
Por mais que ainda ouça um forte “Não!"
Mulheres que ouvi em tantos anos
Formaram a que sou, com ou sem danos,
E hoje eu só falo com paixão.


Luzia Magalhães Cardoso

Cordel apresentado no Hospital Federal de Bonsucesso, essa data, em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, no evento "Violência contra a mulher: o que conquistamos e o que queremos."

domingo, 4 de março de 2012

Antigripine (Odir Milanez e Luzia M. Cardoso)




ANTIGRIPINE
 (Odir Milanez, Paraíba e Luzia M. Cardoso, Rio de Janeiro)

 Espirro, tosse... Reina um resfriado!
Chás e mais chás, mas nada de eficácia.
Alguém, que não sei quem, duma farmácia,
sabendo de saúde o meu estado,
fala de gripe, diz do resultado
de quem de vírus tal não se previne,
e um santo remédio me define,
como se de receitas fosse um craque:
"Prepare dose dupla de conhaque,
tome com dois cachés* de Antigripine!"

- Odir Milanez -


Embora eu não tome álcool algum,
tomei, pois essa gripe me maltrata.
A dor, aqui e ali, me desbarata!
Constipada, só ouço zum, zum, zum.
Acho qu'esse vírus é incomum.
Que esse mal tal receita fulmine!
Por mais que um dos itens abomine,
em mim, a bula ecoa como um saque:
"Prepare dose dupla de conhaque,
tome com dois cachés de Antigripine!"

Luzia M. Cardoso -



Corri para o boteco da esquina.
Saí, trombando em tudo pela frente.
Com o conhaque que subia à mente,
sorria como fosse uma menina
escondida atrás de uma cortina,
temendo que alguém a recrimine.
Na fé que o remédio me vacine,
fui pro bar iniciar o ataque:
"Prepare dose dupla de conhaque,
tome com dois cachés de Antigripine!”

- Luzia M. Cardoso -


Depois, com a garrafa no sovaco,
já vendo mil farmácias pela frente,
com tantos goles da bebida quente,
meu corpo balançava como um barco.
Fiquei sem leme, catando cavaco.
Zunindo na cabeça uma sirene,
lancei à frente um jato solene,
causando em meu amigo um grande choque.
“Prepare dose dupla de conhaque,
tome com dois cachés de Antigripine!”

- Luzia M. Cardoso -


Amigo excepcional, José Macário,
“Doutor Honoris causa” da botica,
expert em maná, sena e arnica,
recebeu-me com riso solidário.
Quando lhe disse do receituário.
ele sorriu: - Permita que lhe ensine:
Não há drágea com cana que combine!
Repeti: - Mas se a bula dá destaque:
“Prepare dose dupla de conhaque,
tome com dois cachés de Antigripine!”

- Odir Milanez -


Macário pôs a bula à minha frente.
Li e reli escrito o que constava
do comprimido, como se tomava:
“De preferência, com bebida quente.”
(Gente inculta, sem culpa. Pobre gente!)
Um chá, um café quente, há quem opine.
Leite morno, há doutor que determine.
Somente diz quem for doutor de araque:
“Prepare dose dupla de conhaque,
tome com dois cachés de Antigripine!”


- Odir Milanez -




Caché: Comprimido. Remédio em cápsula. Plural: cachetes.

Por ser uma palavra de origem estrangeira, optamos pela liberdade poética e fizemos o plural "abrasileirando o termo".

A ideia desse dueto foi em decorrência de um primeiro cordel que Odir publicou no site Poesia Pura sob o título Antigripine onde ele fazia uma homenagem a dois poetas médicos, Fernando Cunha Lima e Herculano Alencar. Esse cordel está disponível no site Recanto das Letras https://www.recantodasletras.com.br/poesias-de-humor/3536914 

O assunto gripe começou de uma que o próprio Odir pegou e, ao saber, postei O Desafio do Mestre Odir” tendo ele respondido em cordel

sábado, 3 de março de 2012

Em nossas mãos (Luzia M. Cardoso e José-Augusto de Carvalho)


Em nossas Mãos

Luzia M Cardoso (RJ, Brasil)
José-Augusto de Carvalho (Alentejo, Portugal)

No tempo, aos sons que não sei decifrar 
Com sons que não decifras te respondo
E se ambos não podemos retornar
O ser de outra linguagem tento e sondo

Talvez o movimento da lagoa
se a pedra cai nas suas águas mansas
Talvez o golpe de asa que povoa
Um mundo carregado de esperanças

Nas minhas mãos embalo, com desvelo,
ardente, o meu desejo de enxergar
Além da fibra tida por modelo

Amigo, vamos, juntos, encontrar
Uma resposta ao teu e meu apelo
P’ra que possamos nos comunicar

24 de novembro de 2010


Esse poema foi construído para atender ao pedido de uma aluna universitária, que  o interpretou, em libras, na ocasião de apresentação de seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), na UNISUAM, RJ, Brasil, em 08 de dezembro de 2010, cujo tema foi "A inclusão dos alunos surdos na rede regular de ensino". 

As mãos do poeta José-Augusto de Carvalho deram a suavidade e a beleza necessárias à abordagem do tema.

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