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Aqui trataremos de tudo aquilo que nos emociona.

A vida, em todas as suas formas e manifestações, nos leva a fortes emoções.

Espero poder traduzir, em versos e rimas, as expressões da vida com as quais eu tiver contato.



Luzia M.Cardoso
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terça-feira, 31 de agosto de 2010

Carta ao Presidente

CARTA AO PRESIDENTE


Meu Ilustre presidente,
não entendo o que acontece,
parece estar tão ausente,
ou não ter nada na mente.
Não vê que o povo padece?

O trabalho por aqui,
quando tem, é temporário.
Tantos tentam resistir
com alguns bicos por aí,
ou em algo temerário.

Crescem as periferias;
junto o consumo de drogas;
crianças sem alegrias;
jovens entrando em frias;
enquanto o povo te roga.

Veja, que situação:
os velhos abandonados;
muita gente na prisão;
tem a prostituição;
e os direitos violados.

Camponeses estão sem terra;
há famílias pelo chão...
Mas empresário não erra
o capital que encerra
o poder da exploração.


E o tal desenvolvimento?
Tanta coisa prometida...
Hoje sobrou só lamento,
muita tristeza e tormento
de nossa gente sofrida.

Se tudo isso não mudar,
outros irão sucumbir,
pras gangues podem entrar.
E se o crime comandar,
muros não vão resistir.

Luzia M. Cardoso
RJ, agosto de 2010

domingo, 29 de agosto de 2010

Pele de Asno em versos

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Parecia uma família feliz:

com mãe zelosa, filha carinhosa,

Provedor, o pai dava a diretriz,

numa casa linda e mavilhosa.


Até que um dia, a noite enfurecida

pegou em suas mãos a genitora,

levando-a em viagem só de ida,

deixando a vida ameaçadora.


“A flor em botão no lugar da rosa?”

Sim. Era como o cravo a desejava,

nos segredos de um castelo encantado.


Presentes, promessas, melada prosa

assustavam a flor que mais chorava,

Vivia a temer o cravo inflamado.


E depois de penar um bom bocado,
Flor pois-se a pensar em uma saída.
Fugiu, em pele de asno escondida.


Viver nas ruas parece ser sina.
Fugir de sapos, a vida ensina.


Luzia M. Cardoso

Versão do conto de Charles Perrault. Pele de Asno. In, Mamãe Gansa.França, 1697.

sábado, 28 de agosto de 2010

Vazante



Sinto-me no estio, sou vazante...
Errante, eu chamo por você, amor.
Eu quero, espero como sempre... Amante.
No instante solto dessa noite em flor.

 
Um vento leste vem, assim, gemido.
E eu tomo o vinho tinto que me deu.
Delírios... Para! Sou um sol contido.
No leito, deito e sinto o impulso meu.
Eu queimo qual fogueira ardendo ao léu.
Meu sangue ferve, nessa cama fria.
Lençol de seda desce como um véu.
Assim, eu durmo, espero um novo dia.

Nas dobras desse laço vou pensando...
Eu sou ressaca só de quando em quando.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Fome de Sim




Foto de Luzia M. Cardoso: Grafite do muro da estação ferroviária. Praça das Nações, Bonsucesso, RJ


FOME DE SIM

Sou a criança que encontras pelas ruas.
Nas noites frias, eu não tenho quem me abrace.
Fome de pão, aplacam pedras. Todas cruas.
Pela manhã, tu nem me vês, sou ser sem face.

Quando te encontro, logo viras tua cara.
Se chego perto, tu escondes teus pertences.
Minha roupa rota a pobreza não mascara,
e a dor que cresce nas favelas tu não sentes.

Culpas meus pais, mas estou órfão, sem família.
Lá no abrigo, também tive que brigar.
Não acreditas, mas preciso de um lar.

Cuido de mim, de meus irmãos, é sempre assim.
Não vou a escola, não sei ler, não ouço sim.
Tenho dez anos e passo os dias em vigília.

Luzia M. Cardoso

 

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Educação Ação

Crianças educadas
não sofrem agressão
Xingamentos, pancadas
não formam um cidadão.

A boa educação
não rima com maus-tratos.
Exemplor e atenção
ensinam os bons atos.

Por Luzia



domingo, 22 de agosto de 2010

Drama Humano



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Drama Humano


Tantos nomes, Madalena
cruel saga nesse mundo.
Sexo e vícios num segundo.
Uma façanha de deusa!
Tendo a cama como cena,
muitas taras satisfez,
numa louca insensatez.
Homens velhos experientes,
outros novos, inocentes,
devoravam sua nudez.


Fora entregue ainda criança
às corjas de vagabundos.
Com beijos nauseabundos
mataram a inocência
de uma menina de trança,
que cresceu, assim, fingindo,
e a tudo permitindo.
E virou mercadoria,
trocada por ninharia.
E foi só, se destruindo.


Muitos falos em seu ventre
jorravam sêmen atroz,
ácido gozo feroz.
Fertilizando seus óvulos.
Ela engravidava sempre...
Foi forçada a muito aborto,
sem higiene ou conforto,
em locais improvisados,
sujos e amaldiçoados.
Lá deixava o filho morto.


E assim envelheceu
A Maria Madalena.
Aquela dama profana,
virou apenas um trapo.
Já largada, padeceu.
Velha, sem eira nem beira,
sem dinheiro na carteira,
apenas doenças herdou.
Nem a fama conquistou.
Foi-se em nuvens de carreira.


Sem filhos e sem família
só padeceu, Madalena.
Perdeu o viço, a morena.
Não despertava desejos
seu sorriso sem mobília.
E seguiu, sempre pedindo
pelas ruas foi caindo...
Foi hoje, a última vez...
Foi pro céu? Não sei... Talvez.
Sei qu'outras estão surgindo.

Por Luzia

Procurando a poesia




Esse poema está dedicado a um excelente poeta, Odir Milanez Cunha, pois a poesia está além das palavras.


quarta-feira, 18 de agosto de 2010

A Viagem (Luzia e Rubenio Marcelo)


Percorrendo os trilhos de minha vida,
descubro uma ponte, toda encoberta.
A felicidade, meio perdida,
reluzindo longe, como um alerta.

E, perante os fanais da descoberta,
um impulso estupendo me convida
pra que eu prossiga assim na rota certa,
fecundando a minh'alma assaz florida...

Peregrino, eu palmilho este caminho
plantando muitas cores pelo chão.
Beijo o futuro co'um caramanchão...

E em risonhos jardins eu me aninho
Festejando esta paz, qual passarinho
Que carrega em seu bico a amplidão!

(Luzia Cardoso / Rubenio Marcelo)

domingo, 15 de agosto de 2010

Bem-te-vi (por Luzimar)









 Bem te vi


Palavras não ditas,
pensadas, medidas, sentidas....

Vai Bem-te-vi.
Cante e encante,
no seu livre ir e vir...

Na palavra ouvida,
sem ser por mim proferida,
mas ouvida por ti.

Soa ao vento do meu pensamento,
O bem querer,
Sem lhe ver.
Ao canto do Bem-Te-Vi


>>> Luzimar <<<


Igual a Zé Limeira

Igual a Zé Limeira

Vi o Sol nascer quadrado
quando peguei uma moça
naquela antiga palhoça
Mas o pai, cabra arretado,
era o tal do delegado,
que pegou a brincadeira,
e fez, logo, minha caveira
Na cela, virei bagaço.
Eu querendo também faço
Igualzinho a Zé Limeira.



Que menina mais fogosa
na cadeia também ia,
dia e noite, noite e dia,
tremenda da mentirosa
mas pro pai era uma rosa.
E me arrochava, na esteira,
acendendo a fogueira,
no cantinho do espaço.
Eu querendo também faço
Igualzinho a Zé Limeira.



Transamos por muitos dias
Como nunca nego fogo,
entrei louco nesse jogo.
Com muitas estrepolias,
nos fartamos nas orgias.
O pai pensava ser freira,
ela que dava bandeira
pro da rima nem um traço.
Eu querendo também faço
Igualzinho a Zé Limeira.



Fiquei com medo da égua,
pois tudo degringolou
quando no mês atrasou.
Eu pedi logo uma trégua,
pois seu pai passava a régua,
capando com a peixeira
qualquer que fosse o caipira,
cortando tudo em pedaço.
Eu querendo também faço
Igualzinho a Zé Limeira.



E de todos se escondia,
apertando com uma cinta
o que já estava na pinta,
muito a barriga crescia.
Meu futuro eu antevia.
Tive acesso de gagueira,
deu ataque de coceira,
pois estava com cagaço.
Eu querendo também faço
Igualzinho a Zé Limeira.



Pior estava por vir:
A moça tinha desejo,
a noite pedia queijo.
Sua mãe pôs-se a pedir
um doutor pra conferir,
logo, logo, na carreira.
Percebendo ser besteira
uma regra sem compasso.
Eu querendo também faço
igualzinho a Zé Limeira.



O doutor só confirmou
o que todos já sabiam,
pois a tudo assistiam.
Quando a moça desmaiou,
sua mãe muito berrou
com o pai na cabeceira,
o delegado Vieira,
cabra duro feito aço.
Eu querendo também faço
igualzinho a Zé Limeira.



O pai armou na surdina
a minha cama de gato,
diante daquele fato.
Com a cabeça na latrina.
percebi ser minha sina
ganhar uma companheira,
consertando aquela asneira,
ou ficar sem o meu baço.
Eu querendo também faço
igualzinho a Zé Limeira.



Foi por isso que assumi,
pra não passar por moleque
não sou de salamaleque.
Bela beca eu vesti,
logo casando eu me vi.
Tomei uma bebedeira,
e caí da ribanceira,
quebrando a perna e o braço.
Eu querendo também faço
igualzinho a Zé Limeira.



Mas na tal da Lua de Mel,
não sabia o que fazia,
o troço não respondia.
A mulher é um farnél,
e eu com cara de pastel.
Comprei correndo na feira,
chá de levantar brocheira
pra não passar embaraço.
Eu querendo também faço
igualzinho a Zé Limeira.


Luzia
RJ, agosto de 2010

Seguindo o mote do poeta Daniel Fiuza, no site www.poesiapura.com

sábado, 7 de agosto de 2010

Uma Fada na Estrada



Um flor tão pequenina
cresce linda lá na relva
Por ser simples, está nela
a poesia da estrada.
No meu carro, da janela,
vejo que o sol a ilumina,
com raios de purpurina,
transformando-a numa fada.

Luzia




sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Dançando na Onda




Eu canto e encanto dançando na onda,
mergulho e volto, abraçada a você.
Vamos lá no fundo, como o amor manda.
Sou a sereia que vem te aquecer.

Desce uma estrela cadente e te ronda,
mas nos meus lábios o beijo é mais doce.
Eu canto e encanto dançando na onda,
mergulho e volto, abraçada a você.

Eu viro a aura da Lua redonda,
te provocando pra me procurar.
Como Sol, você me chama e comanda.
Desço suave, vou me apaixonar.
Eu canto e encanto dançando na onda.

Luzia


Nuances



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