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Aqui trataremos de tudo aquilo que nos emociona.

A vida, em todas as suas formas e manifestações, nos leva a fortes emoções.

Espero poder traduzir, em versos e rimas, as expressões da vida com as quais eu tiver contato.



Luzia M.Cardoso
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domingo, 27 de novembro de 2011

Noite de Natal


Entrelaçada às estrelas, cai a noite de Natal...
Olhos brilham... São pisca-piscas nas janelas...
Outros pedem, às estrelas, só um mundo mais igual.
Todas querem, nesse dia, um presente só pra elas.

São crianças, uma a uma: as das ruas; as das janelas.
Umas, quase tocam o céu... Outras, têm o chão mais firme.
As bonecas, os soldadinhos, de avenidas e ruelas,
têm destinos diferentes, num cenário tão disforme.

Com amplo horizonte à frente e estrada pra trilhar,
desembrulham os pacotes que Noel foi entregar,
as que têm mais que abrigo e alguém que as alimente.

No outro lado do cenário, o concreto que subiu
já esconde o arrebol de quem ainda não o viu,
e crianças sentem as sombras de um mundo imprudente.

Luzia M. Cardoso


Publicada no CBJE


segunda-feira, 14 de novembro de 2011

CORDEL DESENCANADO




ÊTA, NOTÍCIA DIFÍCIL!!!
Luzia Magalhães Cardoso 1




Viver é tão complicado
Pra todos que’aqui estão
É tarefa coletiva,
Não suporta solidão.
De atenção e de diálogo
A vida não abra mão.

  
Muito antes de nascer
D’um encontro carecemos.
Com lágrimas ou sorrisos,
Do acordo dependemos.
E por toda a gestação
Sob olhares estaremos.

  
A gravidez é notícia
Que agrada ou aborrece.
Dependo do ouvinte
Muita ajuda já carece.
Se quem fala é desatento,
O outro até desfalece.


Durante a gestação
Muitos olhos pra barriga...
Cobram novas atitudes
Daquela qu’um ser abriga.
Do que sente a mulher,
Muita gente se desliga.


Com a gravidez saudável
O problema é menor.
Se houver complicação,
Vai ficar muito pior.
Pois quem cuida desconhece
O que vai no interior.

  
Tantas doenças genéticas
Jogando o sonho no chão.
Tem o parto prematuro
Com tão longa internação.
E uma nova realidade
Em tão frágil e fino chão.

  
Mas o tempo corre solto
E a vida cobra o jeito:
"O colo ficou vazio";
"O feto não é perfeito."
E a dor logo floresce
No rosto d’outro sujeito.


Mas a vida já caminha...
Chama outra estação.
Apesar da noite escura,
O dia não abre mão.
E o luto se aloja
No fundo do coração.

  
Outros bebês nascem, crescem,
Passando pela infância.
Alguns vendendo saúde,
Muitos vencendo distância
Vão pulando os precipícios
Erguidos na ignorância.


E depois como se conta
Que a criança aprontou?
Se for tal a gravidade,
Toda casa despencou.
Muitos pais em desespero
Sua cria espancou. 


Nossa mãe, adolescência!
Drogas, sexo, violência...
Amizade e educação
Cobram alto a consequência!
E quem foi dar a notícia,
Ponha a mão na consciência.

  
Chega a fase da labuta,
Na família, no emprego...
O dia fica tão curto!
O corpo pede arrego!
Achamos ser só capricho,
À dor pedimos sossego. 

   
Adiante, ela grita,
Chora alto, esbraveja.
Levamos pro hospital
O corpo que nos lateja.
Reduzidos a um órgão,
Toda a alma já fraqueja.

  
É um médico pro olho,
Outro para o pulmão.
E vamos pro psicólogo
Se for coisa de emoção.
Vira caso social
Quem era só cidadão.

  
Está mal algum dos órgãos?
Na ciência, o remédio.
Cada qual com sua parte.
E o silêncio é o intermédio...
Do saber tiramos luz
Ao trancá-lo em alto prédio.

  
E o doente se complica!!
Tiram sangue, raio X...
Muito assusta a equipe
O que o exame diz:
"A doença é fatal
E a vida por um triz."

  
 O que fazer, afinal?
Como lhe dar má notícia?
Quem habita aquele corpo?
De que mais terá carência?
O que pensa e defende?
E sua rede de assistência?

  
Ver e ouvir é a questão,
Requer muita humildade.
Com o outro percebemos
Que não existe verdade.
Muito mais do que ensinar,
Aprender é prioridade.

  
Cada um tem o seu tempo,
Uma forma de viver.
Muito mais do que a razão
Consegue compreender.
E esse tempo é quem comanda
O que o outro pode crer.

  

Apesar das diferenças,
A lição é de igualdade.
Já que os olhos falam à alma,
Desde a antiguidade,
Enxergar o ser inteiro
É responsabilidade.

  
E assim a roda roda,
Entre vales e barrancos.
Se olharmos só pras partes,
Pegaremos só com tranco.
Conhecer é uma arte,
Que vai muito além dos bancos. 

  
Proporcionar o suporte
Pede muita competência.
Mas do usuário a adesão,
Urge sua consciência
Nos passos do tratamento
Pra vencer a resistência.

  
Tão complexa realidade
Pira o profissional,
Pois não há capacidade
Que resista a vendaval!
Mas trocar informações
Não engorda e não faz mal.

  
E pra tudo arrumar,
Ferramentas sempre à mão:
Tem Spikes; tem o Balint;
Tem roda de discussão;
Tem ainda o Paidéia...
Não se desespere, não!!!!     

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1 - As três estrofes finais deste cordel foram redigidas por  todos os membros do Grupo 6 do Curso de Atenção ao Vínculo e Qualificação da Comunicação em Situações Difíceis no Tratamento Oncológico  – 2011.2 - INCA / MS, e fora incorporado ao cordel, juntamente com a qualificação de  "Cordel Desencanado", posteriormente, em 17/11/2011.



Espelhos d'Alma


quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Tédio



Um vaivém monótono em mim,
Desfolho a  hora...
Mantendo-me assim...
Um suspiro perde-se no vazio,
A minha mente a vagar, sem desafio.
Lacrimejo o cansaço, regurgito o bagaço...
Voltas e meias-voltas...
Não chego lá.
Nada se altera.
A folha é branca,
o verso  manca, sem emoção.
Não há bengala. Nada na mala.
A vela apagou, a carta voou.
E eu aqui neste fastio...
Vadio...
Vadio...
Vivencio o estio.

Luzia M. Cardoso

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