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Aqui trataremos de tudo aquilo que nos emociona.

A vida, em todas as suas formas e manifestações, nos leva a fortes emoções.

Espero poder traduzir, em versos e rimas, as expressões da vida com as quais eu tiver contato.



Luzia M.Cardoso
http://twitter.com/#!/luzia48

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sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Magma (Estrofe do poema que integra a Antologia do Prêmio UFF de Literatura 2012)

Prêmio UFF de Literatura 2012: O Contador de Histórias.
Ao centro, o poeta e escritor homenageado, Luis Antônio Pimentel


Magma

 

Luzia M. Cardoso

 

 

Vem cercado de sereias,

chega ao centro da aldeia

com histórias pra contar.

Larga a barba ao horizonte,

olhos brilham sobre o monte,

confundindo o luar.

 

Seu tridente roda a Terra

refletindo a Nova Era,

com semblante a decifrar.

Semideuses na plateia

querem ouvir a odisseia

que Netuno vai narrar.

 

Deus parece comovido

pelo amor foi conduzido

ao fitar o continente.

E aponta o cenário

de um ato milenário

que se faz constantemente.

 

A voz rouca do Ancião

pinta a tela na visão

de todos os seus ouvintes.

Rasga o véu da bela Gaia,

apontando para a praia

descrevendo o seguinte:

 

“Oceano displicente

brinca com areia quente

numa gruta escondida.

Desce um manto estrelado,

com raios encabulados

de uma lua enternecida.

 

Vento vem assoviando,

mil pétalas carregando

pro local todo enfeitar.

Olor de flores do campo

e luzes de pirilampos

vão criando um altar.

 

Ao fundo, renda francesa

no corpo da camponesa

escorrega devagar.

Ela funde-se ao amante

cuja haste insinuante

pulsa pronta a penetrar.

 

Ondas largas vão e vêm,

o fogo sobe muito além,

labaredas a esquentar.

Lavas deslizam nos vãos,

rolam corpos pelo chão,

magma borbulha no mar.

 

E deixaram no outro lado

um povo acorrentado

produzindo plúmbea flor,

que cresce, toma os ares,

envenena os pomares,

abre o pranto e causa dor.”


Logo, o rosto de Netuno

fecha-se ao infortuno

e começa a assombrar.

Nuvens cobrem os seus olhos,

rolam nas faces orvalhos,

com tridente a faiscar.

 

E prevendo a tempestade

sobre a humanidade

põe-se em meditação.

Vê a rota alterada

da roda desgovernada

aos giros da criação.

 

Seus olhos de breu da noite

antecipam o açoite

na trilha de tanta gente.

Um trovão faz ressoar

e risca na terra e no ar

um conselho incandescente:

 

“Homens brincam de criar,

mas somente o verbo amar

forma a aura do Planeta.

                     Tudo perde a criatura                        

quando d’algum grão descura

ao passar pela ampulheta.”




(Essa é apenas uma das estrofes do poema selecionado no Prêmio UFF de literatura e que integra a Antologia de textos premiados: poesia - crônica e conto, disponível na Editora UFF, Rua Miguel de Frias,  Nº 9 Anexo/Sobreloja. Icaraí, Niterói–RJ - Tel:   (21) 2629-5287    Fax: (21) 2629-5288)

domingo, 2 de dezembro de 2012

Morte






O poema "VOU FICAR DE VEZ NA PORTA DESTE CEMITÉRIO", de Affonso Romano de Sant'Anna, levou-me a emoções tão intensas que resultaram nesse que deixo aqui.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

domingo, 18 de novembro de 2012

A Noite em Mim




Cirandando no tema melancólico de "Náufrago" do poeta Odir da Cunha Milanez http://www.poesiapura.com/poesia/viewtopic.php?t=33278

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Do meu gosto




Do meu gosto


Gosto do poema que mexe e remexe,
vira e revira
o rosto, os nervos, o corpo, a mente
e alma da gente.

Gosto dos versos livres,
rimados, amarrados,
medidos, cuidados,
Largados suados
no meio da pista.

Gosto da letra que grita, incita, agita
e salta da folha sem pedir licença,
espalhando os cacos e o lixo
que deixamos escondidos nos cantos mundo.

Ah, mas também gosto do verbo que brisa macio,
que nutre os sonhos e desfaz o estio
que a noite criou.

Eu gosto de versos-aves
que migram de um ponto a outro,
deixando, em seus ninhos,
paletas com cores,
para que profissionais e amadores
pintem e repintem a tela que sentem
e levados, com ginga,
surfem nas forças que geram a corrente.


Luzia M. Cardoso
Poema, desenho e edição
RJ, 15 de novembro de 2012



quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Just in Time




Na ciranda ao tema do poema "não há vagas"
De Edimo Ginot e Eliane Guaraldo
Disponível em http://www.poesiapura.com/poesia/viewtopic.php?t=31875

domingo, 28 de outubro de 2012

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Revisada e Ampliada





Cirandando na sátira poética de Herculano Alencar (Uma Sátira ao Livro da Vida) Disponível em http://www.poesiapura.com/poesia/viewtopic.php?t=32497

Aderindo às crespas e cacheadas, a segunda estrofe, segundo e quarto versos, mudei, respectivamente para "A minha cabeleira aumentando", "A ponto de não ter mais pr'aumentar".

sábado, 20 de outubro de 2012

Ser ou não Ser



Ser ou não Ser?


Talvez, sem saber,
tu sejas assim.
Assim como eu
na forma que fiz.

Quem sabe, até,
sejas mais cativo
de gestos normais,
nas rotinas fatais
dos dias que findam.

Por pouco, quem sabe,
pulaste a cerca,
rompeste a fronteira,
largaste o freio
descendo a ladeira.

Sem medo da massa,
de rachar a cara
de ver em frangalhos
teus nervos de aço.

Ah, talvez digas não
diante de mim,
teu olhar cabisbaixo...

Ou, talvez, traces à boca
um sorriso matreiro
e com olhos faceiros
tu respondas:
 "Quem sabe?"


Luzia M. Cardoso
R, 20 de outubro de 2012

domingo, 30 de setembro de 2012

A Sunga


A Sunga

Luzia M. Cardoso

Os teus músculos perfeitos
Deixam-me ar rarefeito
No que queres desnudar.
E consegues o efeito,
Conturbando o meu peito,
Vê meu sangue transbordar.

O teu corpo desse jeito
Muda todo o conceito
Qu’alguém julga preservar.
A tua pele dita o pleito,
Quando posas satisfeito
Para os olhos provocar.

Essa sunga é só confeito,
Sobre o manto, o respeito
Sente a hora de faltar.
E assim eu aproveito,
Nos teus braços, me ajeito,
Deixo a onda comandar.


Rio de Janeiro, 30 de Setembro de 2012

sábado, 29 de setembro de 2012

Pública Afonia (Poema em trovas no estilo medieval)


Pública Afonia



Foi-se o tempo do embate
n’arena, falas expostas.
Hoje, a cena do combate
é à sombra, pelas costas.

A esquerda à direita!
Siga os passos, manda a vez.

O medíocre s’aproveita,
quer valores do burguês.
Com migalhas se deleita,
diz que faz o que não fez.
                                                                    
A esquerda à direita!
Siga os passos, manda a vez.

Se conquistas vão a leis
e ameaçam regalias,
antes que as apliqueis,
vêm, vos calam covardias.

A esquerda à direita!
Siga os passos, manda a vez.

Falsos brilhos sem embargos
 corroendo as carreiras.
Serpentinas e afagos
abrem portas nas barreiras.

A esquerda à direita!
Siga os passos, manda a vez.

Traças sobem entre canos
onde oprimem operárias.
Não s’importam com os danos,
vão roendo arbitrárias

A esquerda à direita!
Siga os passos, manda a vez.

E os membros engessados
dizem que nada mudou,
pois, assim, tão amarrados,
ninguém viu, nem escutou.

A esquerda à direita!
Siga os passos, manda a vez.

A ordem vai pelo avesso,
maquiando o seu tom.
Todo lema é réu confesso,
da expressão matou o som.

Virtual é a bandeira
Cujo mastro a mão largou.


Luzia M. Cardoso
RJ, 29 de Setembro de 2012

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Da Prostituição à Profissionalização




DA PROSTITUIÇÃO À PROFISSIONALIZAÇÃO



Com licença, meus senhores
Permissão, parlamentar,
Com respeito a quem labuta,
Venho aqui pra ponderar
Sobre a prostituição
Se tornar uma profissão
Como querem legislar.


Já vem de 2004
Esse Projeto de Lei
para torná-la legal.
Ainda não encontrei
Qual é a sustentação
Pra dizer que é profissão,
No tanto que pesquisei.


Também sei que a meretrice
É antiga na história.
Muito antes de vir Cristo,
Foi ao auge, teve glória.
Recebeu adoração,
D’uma deusa, proteção.
Era ação compensatória.


Mas o tempo foi passando...
Povos sempre a guerrear,
Poucos no topo do mundo,
Querendo sempre mandar.
As pessoas exploradas,
As mulheres dominadas,
Alguns homens pra castrar.


Nessa nova condição,
Meretriz perdeu valor
E foi muito perseguida,
Despertando o rancor.
Por alguns foi desejada,
Machucada, maltratada
Sem poder gritar de dor.


Muitos anos se passaram,
No mundo tudo mudou
Com as coisas inventadas,
Mas há algo que ficou:
Pouca gente no poder,
Milhões sem o que comer,
Sem o fruto que plantou.


Sem comida, nem guarida,
Crianças pra alimentar,
Era hora de ir pro mundo,
Sob o sol ganhar lugar.
E por dentro se migrou
E pra fora emigrou
Para a vida ir ganhar.


Novo século chegou.
Mais gente dorme na rua;
Jovens qu’engole o tráfico.
A batalha nua e crua
Não sustenta a escola.
Pro salário que é esmola,
A miséria s’insinua.


Nesse ritmo aflito,
Crescem guetos e favelas
E na droga a rendição.
Bancas trancam as ruelas,
Mais pra prostituição.
Fecha o tempo na nação,
Nosso povo se acautela.


Tuberculose nas sombras,
DST's pelos cantos,
AIDS voltando ao jogo,
Hospitais não tem pra tanto.
Meu senhor parlamentar,
Tenho mais pra lhe falar
E agora me adianto.


Sei que a intenção é boa.
Uma nova condição
pensa que irá gerar.
Pontuemos desde então:
Carteira profissional;
Previdência Social;
Meretrício profissão.


E surgirão mais "empregos"
Na velha indústria do sexo:
Do turismo sexual,
Com submundo anexo,
Sairão muitos agentes,
Dentes brancos, sorridentes,
E um convite mais complexo.


Prostituir-se é trabalho,
Uma nova profissão.
Nas ruas ou no bordel,
Haverá até plantão
Pra aumentar o salário.
Vão querer estagiário
Para qualificação.


E o tempo e a idade
Para aposentadoria?
Vinte anos de labor,
Com quarenta, assim diria.
Se sexo profissional,
Previdência especial
E justiça se faria.


O que diremos ao jovem
Que pensar no seu futuro
Ir pra prostituição?
Ocorrerá, t'asseguro.
Se é trabalho oficial,
A escolha é legal,
Mesmo que com jogo duro.


Trago agora a questão
Sobre os riscos do labor:
Se’a camisinha furar,
Dará o empregador
Os dois seguros saúde?
Convenhamos, ataúde
Causará um grande horror!


Se com tantas horas-extras
A barriga despontar?
Se não for um pneuzinho?
Se'a pessoa engravidar?
E agora, meu senhor,
Responda-me, por favor.
Quem o bebê vai criar?


S'alugar corpo é legal,
Não podemos proibir
O comércio de seus órgãos,
Nem o tráfico impedir.
Venderão sangue ali,
Um rinzinho por aí,
Fígado que repartir.


Quero amor e amizade
Muito livres pra doar.
Não os quero no mercado
Produtos para comprar.
E sexo que dê prazer
A quem nele s’envolver
Sem ninguém violentar.


A purpurina nos guetos
Não protege o cidadão,
Nem gera oportunidades,
Mas acesso à educação,
Um teto com assoalho,
Mais oferta de trabalho,
Já fomentam a inclusão.


Garantir em cada bairro
Ruas amplas com escola;
As pracinhas bem cuidadas,
Com campo pra jogar bola;
Biblioteca operando
E crianças retirando
Do trabalho, da esmola.


Também acesso direto
A todos'os níveis d'ensino.
"Educação para todos!"
Este é o refrão do meu hino.
Dar tudo com equidade,
A toda e qualquer idade,
Garantindo bom destino.


Dar mais tempo para os pais
Verem os filhos crescer,
Sem ter medo do futuro,
Sem brigar para comer.
Ciclovias na cidade,
Saúde de qualidade,
Sem pagar pra merecer.


Para os “sem” a sua terra,
Pras raízes lá fincar,
plantar e colher os frutos.
As fontes, sempre cuidar.
Há que ter muita atenção
Aos rumos desta Nação
Pro barco não afundar.


Lei pra acessibilidade
Nas calçadas e nos prédios,
Nos transportes coletivos.
Que não sejam privilégios
O direito de viver,
Condições para nascer,
Não sofrer nenhum assédio.


Luzia M. Cardoso
RJ, 15 de Setembro de 2012

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