Pública
Afonia
Foi-se o tempo do embate
n’arena, falas expostas.
Hoje, a cena do combate
é à sombra, pelas costas.
A esquerda à direita!
Siga os passos, manda a vez.
Siga os passos, manda a vez.
O medíocre s’aproveita,
quer valores do burguês.
Com migalhas se deleita,
diz que faz o que não fez.
A esquerda à direita!
Siga os passos, manda a vez.
Siga os passos, manda a vez.
Se conquistas vão a leis
e ameaçam regalias,
antes que as apliqueis,
vêm, vos calam covardias.
A esquerda à direita!
Siga os passos, manda a vez.
Falsos brilhos sem embargos
corroendo
as carreiras.
Serpentinas e afagos
abrem portas nas barreiras.
A esquerda à direita!
Siga os passos, manda a vez.
Traças sobem entre canos
onde oprimem operárias.
Não s’importam com os danos,
vão roendo arbitrárias
A esquerda à direita!
Siga os passos, manda a vez.
E os membros engessados
dizem que nada mudou,
pois, assim, tão amarrados,
ninguém viu, nem escutou.
A esquerda à direita!
Siga os passos, manda a vez.
A ordem vai pelo avesso,
maquiando o seu tom.
Todo lema é réu confesso,
da expressão matou o som.
Virtual é a bandeira
Cujo mastro a mão largou.
Luzia M. Cardoso
RJ, 29 de Setembro de 2012
RJ, 29 de Setembro de 2012
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