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Aqui trataremos de tudo aquilo que nos emociona.

A vida, em todas as suas formas e manifestações, nos leva a fortes emoções.

Espero poder traduzir, em versos e rimas, as expressões da vida com as quais eu tiver contato.



Luzia M.Cardoso
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terça-feira, 23 de julho de 2019

Da Vaga



Da Vaga



A queda é livre,

O chão, pressuposto.





Era como que, solta, no fluxo do rio,
Ouvisse dizer: - Vá encontrar o horizonte.
Sem mesmo pensar, aceitar o desafio,
Esbarrando em barreiras, com quedas adiante... 

Era como que, largada por qualquer nave,
Bem ao meio do nada e sem gravidade
E, lá, sem ter chão, não há sentido ter trave,
Não tendo, do tempo, sinais de amizade... 

Era como que palha ardendo em chamas,
Achasse ser arte ser a cor do estalido,
Com corpo disforme pela vida em tramas... 

Vincada a alma ao corpo por um fio,
Tendo metros à frente a seguir combalido...
Era como que presa daquele vazio.

Luzia M. Cardoso


sexta-feira, 7 de junho de 2019

#14J #GreveGeral (Poesia de Cordel)



#14J #GreveGeral




Junho vem com decisão:
Sem direitos, vamos mal.
Dia 14, patrão,
Paramos, #GreveGeral!
(Mote)




Não nos faltam os motivos 
Para cruzarmos os braços
Frente a tantos embaraços. 
Não ficaremos cativos 
Dos artigos abusivos 
Dessa reforma letal 
Que nos fará tanto mal. 
Avisamos, desde então, 
Dia 14, patrão, 
Paramos, #GreveGeral! 

Essa nossa Previdência 
Nunca foi nenhuma esmola! 
Ao lero que nos enrola, 
Já tomamos providência: 
Seremos a resistência 
Frente à reforma brutal 
Que oferta o funeral 
Em um futuro sem pão. 
Dia 14, patrão, 
Paramos, #GreveGeral! 

Reservas ambientais 
Estão sofrendo perigo. 
Ouça bem o que te digo! 
São reservas naturais, 
À vida, fundamentais. 
Visando o mineral 
E’ampliar o capital, 
Levam tudo à perdição. 
Dia 14, patrão, 
Paramos, #GreveGeral! 

Se, na nossa lei de trânsito, 
A pena arrefecer, 
Infrações mais vamos ter. 
Pras crianças, a propósito, 
Cadeira é pré-requisito, 
Pois, sem elas, no final, 
A freada é mortal: 
Vaza o vidro, sangra ao chão. 
Dia 14, patrão, 
Paramos, #GreveGeral! 

Agrotóxico liberado 
Pra usar na plantação, 
Visando a produção. 
Envenenam, adoidado, 
Tudo o que está ao lado 
E muito além do local. 
Não s’importam se letal 
Ao povo desta nação. 
Dia 14, patrão, 
Paramos, #GreveGeral! 

Do SUS, cortam o custeio, 
Sucateando serviços 
Com públicos reboliços. 
Incentivam, sem receio, 
Que’a Saúde vire meio 
De aumentar capital, 
Como quer o liberal. 
Mas, no SUS, não mexa, não! 
Dia 14, patrão, 
Paramos, #GreveGeral! 

Educação e ciência 
Sendo desmoralizadas. 
Dia a dia, abandonadas 
Por quem não tem consciência 
E incentiva a divergência. 
Negligência sem igual,
Em território nacional, 
Se público, privação?! 
Dia 14, patrão, 
Paramos, #GreveGeral! 

Empresário diz ter gastos,
São perdoadas as dívidas: 
Até multas removidas, 
Anistia de impostos...
Mas seguem cortando custos 
Da folha salarial: 
Desemprego Nacional. 
O povo fica sem chão. 
Dia 14, patrão, 
Paramos, #GreveGeral! 

A reforma do trabalho
O povo penalizou
E emprego não criou.
O que tem é quebra-galho
E um minguado cascalho
No pagamento mensal.
Mesmo assim, é sazonal!
Já não há mais ilusão:
Dia 14, patrão, 
Paramos, #GreveGeral!


O país em desgoverno: 
Ao povo, menos direitos; 
Nas leis, artigos refeitos; 
As cidades num inferno; 
E rareia o amor fraterno. 
Lá, do Planalto Central, 
Dizem ser bom, natural, 
O povo de armas na mão. 
Dia 14, patrão, 
Paramos, #GreveGeral!

São inúmeros’os motivos 
Para os braços cruzarmos 
E as máquinas pararmos: 
Horários mais exaustivos; 
Salários sem atrativos; 
Menos emprego formal... 
O trabalho, pra geral, 
Tem precária condição! 
Dia 14, patrão, 
Paramos, #GreveGeral! 

À Reforma o grito é NÃO! 
Quem sustenta a Previdência, 
Pra futura providência, 
É toda a população!
A pública Educação 
É constitucional 
E o SUS, também, igual!
E não abriremos mão! 
Dia 14, patrão, 
Paramos, #GreveGeral! 


Luzia M. Cardoso




sábado, 1 de junho de 2019

Reforma da Previdência Social (Poesia de Cordel)




Reforma da Previdência Social

(Poesia de Cordel)



Vejo muita insistência,
Esforço descomunal,
Dos que querem reformar
Previdência Social.
É assunto preferido
Da imprensa nacional.

Dizem que a Previdência
O futuro não sustenta;
Falam que o gasto é tanto
Que o erário não aguenta;
Que o jovem que trabalha
Banca quem se aposenta.

Dizem que a Previdência
Promove desigualdade;
Que quem tem menor salário
Paga excentricidade
Daqueles cujos proventos
Geram rentabilidade.

E repetem todo dia
Essa mesma historinha.
Tamanha enrolação
Muita gente aporrinha
E acaba promovendo
O medo em quem não tinha.

Mas, é muito interessante
Ver banqueiros, empresários,
Donos de agronegócios,
Os grandes proprietários
Se mostrarem preocupados
Co’a velhice d’operário.

Muitos desses empresários
Se mantém inadimplentes
Para com a Previdência.
Caloteiros reincidentes!
O que deviam pagar,
Enrolam, deixam pendentes.

São centenas de bilhões
Somados, que empresários
Vão devendo à Previdência.
Mas jogam aos operários
O ônus desse calote,
Como se seus legatários.

Discurso muito hipócrita,
Omitindo d’onde vem
A grana da Previdência.
E vão muito mais além,
Jogando num só balaio
Tudo o que lhes convém:

As aposentadorias
Juntam com o BPC¹
E com a Bolsa Família²,
Confundindo pra valer.
Falam que o gasto é alto,
Que reforma tem que haver.

Ainda te fazem crer
Que a fonte é uma só,
Que cabe ao trabalhador
Em pingo d’água dar nó,
Viver a vida presente
Amarga feito jiló.

Vamos às informações
Sobre o financiamento.
Previdência Social:
Para o teu discernimento,
Tem no trabalho formal
O maior faturamento.

O desconto é compulsório,
Oito a onze por cento
E todo trabalhador,
Com ou sem consentimento,
Do salário é descontado
Pro futuro provimento.

E todo empregador
Teria que repassar
Uns certos vinte por cento
Dos salários que pagar.
Sejam contratos diretos
Ou de quem terceirizar.

E a parte do Estado
Vem de todos os tributos
Pagos sobre os serviços,
E também sobre produtos,
Que viram mercadorias
Dado aos seus atributos.

Tem direito à Previdência
Quem cumpre com o critério
De sempre contribuir.
E não há nenhum mistério!
Contribuição mensal
É sempre um papo sério.

Será, pela Previdência,
Trabalhador segurado,
Podendo usufruir
Do que’a ele é destinado.
Para se aposentar
No tempo determinado:

Pro trabalhador urbano
Aposentar por idade:
Se homem, sessenta e cinco,
Para viabilidade;
Se mulher, serão sessenta,
Dada a singularidade.

Se trabalhador rural:
Homem, tem que ter sessenta;
Mulher, com cinquenta e cinco,
Ela já se aposenta.
Mas não basta ter idade
Se aposentar se intenta.

Há mais uma condição:
Cento’e oitenta parcelas
Devidamente quitadas.
E não há choro nem velas,
Tem que ter comprovação
De ter pago todas elas.

Por isso a Previdência
É Seguro Social,
Assegura que’o trabalho
Garanta o essencial
Àquele trabalhador
Contribuinte formal.

Para os que não têm renda,
Sem salário, sem trabalho,
Que vivem rente’à miséria
Sem teto, sem assoalho,
Sem ter nada que proteja
O seu futuro grisalho,

Sociedade’e Estado
Deverão assegurar
Os serviços e programas
Para’a vida resguardar,
Garantindo ao cidadão
Comida e’onde morar.

Será a Seguridade,
Diz a Constituição,
Que é paga com impostos
Que’arrecada a Nação,
Recursos de loterias
E bens que vão a leilão.

E sairão dessas fontes
A verba para pagar
A’Assistência Social
Que’é quem vai proporcionar
BPC, Bolsa Família
De quem possa precisar.

É direito garantido,
Segurança social,
Sendo dever do Estado,
Dever constitucional,
Promover as condições
Pra justiça social.

Por isso que a Saúde
Compõe a Seguridade:
Gratuita’,universal,
Integral, com equidade,
Acessível ao cidadão
De qualquer localidade.

No entanto, a Previdência
Dizem que vão reformar.
Setenta anos d’idade,
Há quem tente sustentar.
Para além dos sessenta,
Querem já determinar.

E as contribuições
Eles querem aumentar.
Quatrocentos e oitenta,
Se quiser assegurar
O salário integral
Se na idade chegar.

Quatrocentos e oitenta
Parcelas de Previdência
Somarão quarenta anos
De trabalho, resistência,
Sem tempo de desemprego,
Sem haver inadimplência.

Aposentar por idade?
Provento proporcional,
Comprovados vinte anos
De pagamento mensal,
Rezando para ter forças,
Chegar até o final.

Há muito mais do que isso
Qu’estão querendo mudar,
Pois o valor da pensão
Tende a muito minguar;
Seguranças da gestante
Podem se fragilizar.

E com esse blá-blá-blá,
Pintam futuro incerto
Para a nossa Previdência.
Com caixa bem encoberto,
Não havendo transparência
Do que afirmam ser certo.

A proposta é indecente:
Previdência especial
A todos os militares,
Parlamentar em geral,
Governantes, magistrados...
É muita cara de pau!


Luzia Magalhães Cardoso
(Texto e ilustração)


Notas:

1 - BPC: Benefício de Prestação Continuada. Trata-se de um benefício no valor de um Salário Mínimo mensais ofertado pela Assistência Social e destinado a idosos (a partir de 65 anos) e pessoas com deficiência, desde que comprove renda familiar mensal inferior a 1\4 do Salário Mínimo. Fontehttp://mds.gov.br/acesso-a-informacao/mds-pra-voce/carta-de-servicos/usuario/assistencia-social/bpc


2 - Bolsa Família: É um programa de transferência de renda executado pela Assistência Social, Sistema Único da Assistência Social (SUAS), destinada a famílias que vivam em situação de pobreza (renda per capita familiar entre R$ 89,01 e R$ 178,00 ) e extrema pobreza (renda per capita  familiar de até R$ 89,00). Os valores pagos a cada família são calculados de acordo com a avaliação da situação de pobreza, número de crianças até 12  anos de idade (considerando o máximo de três por família, número de adolescentes - de 13 a 17 anos de idade- , nutrizes - amamentando crianças de 0 a 6 meses de idade e gestantes. Fonte: http://www.caixa.gov.br/programas-sociais/bolsa-familia/Paginas/default.aspx  


terça-feira, 26 de março de 2019

Vinte e um mil, cento e setenta luas



Vinte e um mil, cento e setenta luas

Vinte e um mil, cento e setenta luas,
Às vezes, galopando um furacão.
Em outras, acolhida pelas nuvens,
Sentindo transbordar meu coração.

Muitos dias inteiros, forasteiros,
Não queriam ficar em minhas mãos,
E outros, borboletas coloridas,
Pousando, revelavam os meus irmãos...

Vinte e um mil, cento e setenta luas
Turrona, a primavera quis sonhar.
E se sonhos subiam ao espaço,
O vento se apressava em derrubar.

No verão, com o sol ao meio dia,
Meu sangue sempre prestes a ferver,
O suor a rasgar meu corpo inteiro
Nas horas que eu tinha que fazer.

E nessa roda, tão desenfreada,
A esperança, com sementes, vem me ver
S’achegando, meu peito transbordante,
Planta um grão qu’ali, vive a crescer.

No outono, o sol batendo  pino,
Rareando, nas curvas, mais o ar,
Meus olhos, co’a neblina que caía,
Se dispunham às trevas encarar.

Vinte e um mil, cento e setenta luas,
À porta, inverno quer entrar.
Há neve a salpicando a cabeleira,
Aquela, na infância, a ondular...

Agora, os resmungos do relógio
Mais ecoam no aro a me apertar.
No impulso do salto dos minutos
Eu abro as asas, pronta, vou voar.

Luzia M. Cardoso

domingo, 13 de janeiro de 2019

Tempo Disparado




Tempo Disparado


No horizonte desponta um tempo...
Aquele tempo por nós sonhado,
Que, atrelado a contratempos,
Dá rodopios no passado.

No horizonte desponta um tempo...
Aquele tempo dos roseirais,
Que botinas, bem-mandadas,
Desejaram funerais.

No horizonte desponta um tempo...
Aquele tempo nos punhos cerrados,
Que, entranhado nas memórias,
Foi por ele mesmo libertado.

No horizonte desponta um tempo...
Aquele tempo de dar as mãos,
Que se expande além de muros
Transformando-nos irmãos.

No horizonte desponta um tempo...
Esse tempo já vem disparado
E não há quem o detenha,
Pois o tempo é por ele próprio comandado.

Luzia M. Cardoso

quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Estações





Estações


Quando as sombras tomaram a rampa,
O sol se escondeu.
Nuvens de fumaça acortinaram o horizonte,
Enquanto milhares de olhares nublaram ao mar.

E o dia foi tragado pela noite alta.
A lua, já minguada, declinou
Nas ondas pororocas do oeste.

E as sombras adentravam ao salão
 já sufocado pela poeira secular,
encantonada por teias milenares
Que se enredavam aos castiçais e luminárias.

Um silêncio uivante invadiu as cercanias,
Enquanto os ouvidos encerados se afinavam
Às línguas afiadas das víboras mercantes.

E todas as rosas se fizeram rubras,
Assim como os cravos e cravinas,
Os hibiscos, as sempre-vivas...
Intuitivas, as flores abriram ao vento
As suas sementeiras.

Luzia M. Cardoso



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