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Aqui trataremos de tudo aquilo que nos emociona.

A vida, em todas as suas formas e manifestações, nos leva a fortes emoções.

Espero poder traduzir, em versos e rimas, as expressões da vida com as quais eu tiver contato.



Luzia M.Cardoso
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quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Da Prostituição à Profissionalização




DA PROSTITUIÇÃO À PROFISSIONALIZAÇÃO



Com licença, meus senhores
Permissão, parlamentar,
Com respeito a quem labuta,
Venho aqui pra ponderar
Sobre a prostituição
Se tornar uma profissão
Como querem legislar.


Já vem de 2004
Esse Projeto de Lei
para torná-la legal.
Ainda não encontrei
Qual é a sustentação
Pra dizer que é profissão,
No tanto que pesquisei.


Também sei que a meretrice
É antiga na história.
Muito antes de vir Cristo,
Foi ao auge, teve glória.
Recebeu adoração,
D’uma deusa, proteção.
Era ação compensatória.


Mas o tempo foi passando...
Povos sempre a guerrear,
Poucos no topo do mundo,
Querendo sempre mandar.
As pessoas exploradas,
As mulheres dominadas,
Alguns homens pra castrar.


Nessa nova condição,
Meretriz perdeu valor
E foi muito perseguida,
Despertando o rancor.
Por alguns foi desejada,
Machucada, maltratada
Sem poder gritar de dor.


Muitos anos se passaram,
No mundo tudo mudou
Com as coisas inventadas,
Mas há algo que ficou:
Pouca gente no poder,
Milhões sem o que comer,
Sem o fruto que plantou.


Sem comida, nem guarida,
Crianças pra alimentar,
Era hora de ir pro mundo,
Sob o sol ganhar lugar.
E por dentro se migrou
E pra fora emigrou
Para a vida ir ganhar.


Novo século chegou.
Mais gente dorme na rua;
Jovens qu’engole o tráfico.
A batalha nua e crua
Não sustenta a escola.
Pro salário que é esmola,
A miséria s’insinua.


Nesse ritmo aflito,
Crescem guetos e favelas
E na droga a rendição.
Bancas trancam as ruelas,
Mais pra prostituição.
Fecha o tempo na nação,
Nosso povo se acautela.


Tuberculose nas sombras,
DST's pelos cantos,
AIDS voltando ao jogo,
Hospitais não tem pra tanto.
Meu senhor parlamentar,
Tenho mais pra lhe falar
E agora me adianto.


Sei que a intenção é boa.
Uma nova condição
pensa que irá gerar.
Pontuemos desde então:
Carteira profissional;
Previdência Social;
Meretrício profissão.


E surgirão mais "empregos"
Na velha indústria do sexo:
Do turismo sexual,
Com submundo anexo,
Sairão muitos agentes,
Dentes brancos, sorridentes,
E um convite mais complexo.


Prostituir-se é trabalho,
Uma nova profissão.
Nas ruas ou no bordel,
Haverá até plantão
Pra aumentar o salário.
Vão querer estagiário
Para qualificação.


E o tempo e a idade
Para aposentadoria?
Vinte anos de labor,
Com quarenta, assim diria.
Se sexo profissional,
Previdência especial
E justiça se faria.


O que diremos ao jovem
Que pensar no seu futuro
Ir pra prostituição?
Ocorrerá, t'asseguro.
Se é trabalho oficial,
A escolha é legal,
Mesmo que com jogo duro.


Trago agora a questão
Sobre os riscos do labor:
Se’a camisinha furar,
Dará o empregador
Os dois seguros saúde?
Convenhamos, ataúde
Causará um grande horror!


Se com tantas horas-extras
A barriga despontar?
Se não for um pneuzinho?
Se'a pessoa engravidar?
E agora, meu senhor,
Responda-me, por favor.
Quem o bebê vai criar?


S'alugar corpo é legal,
Não podemos proibir
O comércio de seus órgãos,
Nem o tráfico impedir.
Venderão sangue ali,
Um rinzinho por aí,
Fígado que repartir.


Quero amor e amizade
Muito livres pra doar.
Não os quero no mercado
Produtos para comprar.
E sexo que dê prazer
A quem nele s’envolver
Sem ninguém violentar.


A purpurina nos guetos
Não protege o cidadão,
Nem gera oportunidades,
Mas acesso à educação,
Um teto com assoalho,
Mais oferta de trabalho,
Já fomentam a inclusão.


Garantir em cada bairro
Ruas amplas com escola;
As pracinhas bem cuidadas,
Com campo pra jogar bola;
Biblioteca operando
E crianças retirando
Do trabalho, da esmola.


Também acesso direto
A todos'os níveis d'ensino.
"Educação para todos!"
Este é o refrão do meu hino.
Dar tudo com equidade,
A toda e qualquer idade,
Garantindo bom destino.


Dar mais tempo para os pais
Verem os filhos crescer,
Sem ter medo do futuro,
Sem brigar para comer.
Ciclovias na cidade,
Saúde de qualidade,
Sem pagar pra merecer.


Para os “sem” a sua terra,
Pras raízes lá fincar,
plantar e colher os frutos.
As fontes, sempre cuidar.
Há que ter muita atenção
Aos rumos desta Nação
Pro barco não afundar.


Lei pra acessibilidade
Nas calçadas e nos prédios,
Nos transportes coletivos.
Que não sejam privilégios
O direito de viver,
Condições para nascer,
Não sofrer nenhum assédio.


Luzia M. Cardoso
RJ, 15 de Setembro de 2012

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