Glosa:
“O amor meu peito irriga
Mas depois me deixa sem.
Ninguém a ninguém obriga
A dar amor, querer bem...”
Poema “A Mulher que Amei
Odir Milanez Cunha
Nuvens desenham no céu
alguns sonhos de paixão
guardados em meu coração.
Chuva que desce ao léu
vem fazendo um escarcéu.
Suavemente já instiga
o que meu corpo abriga:
a fagulha da fogueira.
Sob a lua feiticeira,
“o amor meu peito irriga”.
Aprofundam-se raízes.
dos desejos em meu peito.
que contesta, sem efeito,
a razão, em tantas crises.
Em momentos de deslizes,
o amor, feito posseiro,
chega como lhe convém...
Incendeia o corpo inteiro
e promete um candeeiro,
“mas depois me deixa sem.”
E soluça o coração.
Bate forte, esperneia,
suplicando o que anseia.
Luta contra a solidão...
Grita: - Não, não, não, não!
Mais lateja a ferida...
De joelhos, sou mendiga
com a alma corroída...
Não impeço a despedida.
“Ninguém a ninguém obriga.”
E me envolve o manto
que o inverno vem tecer...
Não há mais o que fazer.
Desalinha-me o pranto,
e me dói, demais e tanto,
ser abraços sem ninguém...
Só ausência... Nada além....
Vou aos poucos constatar:
Quem partiu não vai voltar
“A dar amor, querer bem...”
Luzia M. Cardoso
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