de minha infância inocente,
quando, aos pulos da amarelinha,
sorrindo, eu corria.
sorrindo, eu corria.
Tinha a boneca na mão
e meu irmão rodando pião.
Eu queria falar, com alegria,
do raiar rebelde de minha juventude,
quando o corpo sussurrava ao amor que surgia.
Tinha conversa no portão
e os beijos roubados de supetão.
Eu queria falar das flores sortidas,
pequenas, grandes e perfumadas,
onde bailavam borboletas coloridas.
Tinha abelha e zangão
e outros bailarinos de plantão.
Eu queria recitar poesias de amor
emocionada por sua grandeza,
com rimas levadas libertando fantasias.
Ter estrelas a calar a escuridão
e o luar a viajar na imensidão.
Eu queria tanto dizer doces palavras,
permitir sonhos e esperanças...
Hoje, porém, eu não posso.
Há tantas almas perdidas na multidão,
tantas outras mutiladas pela solidão.
Eu não queria falar de mortes,
mas foram silenciados os gritos em luto no Haiti.
São raras e caras as vidas perdidas por lá.
Altos são os juros das tantas somadas além.
Têm ainda os dividendos das que ficam neste, que é aqui.
Eu não queria falar, mas não calam poetas
noites que choram trevas marcadas por dor.
Gritam Chico, Manuel, Cecília, Dias...
- Esconda-se povo, desse insaciável devorador!
Eu ainda queria as mais belas e puras figuras trazer.
Se fosse artesã ligeira, estrofes inteiras, eu poderia tecer.
Rápida e voraz, porém, é a caçadora,
e escondê-la o poema não permitiria.
Predadora é a fome que mata e mata mais
do que qualquer estranha força mataria.
Poema publicado no meu livro
18/01/10 Também pensei em dar outro sentido aos dois primeiros versos da 4ª estrofes, assim:
...
"Eu queria recitar poesias de amor,
"Eu queria recitar poesias de amor,
emocionando por sua própria grandeza,"
...
Acho, contudo, que as duas formas ficaram interessantes, tanto as dessa estrofe, quanto da última.
...
Acho, contudo, que as duas formas ficaram interessantes, tanto as dessa estrofe, quanto da última.
17/01/10 - Ontem, fiz pequenas alterações nos dois últimos versos da última estrofe, que originalmente fora por mim escrita assim:
...
"É a fome que mata,
e mata mais do que qualquer estranha força ousaria."
Tratando-se, contudo, de um ensaio e, portanto, sujeito à modificação, considerei importante apontar a fome como predadora, e, por fim, achei que ficaria melhor reafirmar, ao final, que ela mata.
Também modifiquei
A primeira versão dessa poesia pode ser encontrada também em artigos, no site http://www.hgb.rj.saude.gov.br
31/01/2010 - Publiquei essa poesia também em http://sitedepoesias.com.br/poesias/53730
Luzia, a poesia é a mais pura e significativa realidade, a saudade dos sentimentos e desejos partilhados e o desafio de continuar vivendo e vivendo,sentindo, partilhando,encontrando.........beijos...e muita luz.
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