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Aqui trataremos de tudo aquilo que nos emociona.

A vida, em todas as suas formas e manifestações, nos leva a fortes emoções.

Espero poder traduzir, em versos e rimas, as expressões da vida com as quais eu tiver contato.



Luzia M.Cardoso
http://twitter.com/#!/luzia48

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quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Grito contido




Eu queria falar, com nostalgia,
de minha infância inocente,
quando, aos pulos da amarelinha,
sorrindo, eu corria.
Tinha a boneca na mão
e meu irmão rodando pião.

Eu queria falar, com alegria,
do raiar rebelde de minha juventude,
quando o corpo sussurrava ao amor que surgia.
Tinha conversa no portão
e os beijos roubados de supetão.

Eu queria falar das flores sortidas,
pequenas, grandes e perfumadas,
onde bailavam borboletas coloridas.
Tinha abelha e zangão
e outros bailarinos de plantão.

Eu queria recitar poesias de amor
emocionada por sua grandeza,
com rimas levadas libertando fantasias.
Ter estrelas a calar a escuridão
e o luar a viajar na imensidão.

Eu queria tanto dizer doces palavras,
permitir sonhos e esperanças...
Hoje, porém, eu não posso.
Há tantas almas perdidas na multidão,
tantas outras mutiladas pela solidão.

Eu não queria falar de mortes,
mas foram silenciados os  gritos em luto no Haiti.
São raras e caras as vidas perdidas por lá.
Altos são os juros das tantas somadas além.
Têm ainda os dividendos das que ficam neste, que é aqui.

Eu não queria falar, mas não calam poetas
noites que choram trevas marcadas por dor.
Gritam Chico, Manuel, Cecília, Dias...
- Esconda-se povo, desse insaciável devorador!

Eu ainda queria as mais belas e puras figuras trazer.
Se fosse artesã ligeira, estrofes inteiras, eu poderia tecer.
Rápida e voraz, porém, é a caçadora,
e escondê-la o poema não permitiria.
Predadora é a fome que mata e mata mais
do que qualquer estranha força mataria.



 















Poema publicado no meu livro 



18/01/10 Também pensei em dar outro sentido aos dois primeiros versos da 4ª estrofes, assim:
...

"Eu queria recitar poesias de amor,
emocionando por sua própria grandeza,"
... 

Acho, contudo, que as duas formas ficaram interessantes, tanto as dessa estrofe, quanto da última.


17/01/10 - Ontem, fiz pequenas alterações nos dois últimos versos da última estrofe, que originalmente fora por mim escrita assim:
...

"É a fome que mata,
e mata mais do que qualquer estranha força ousaria."

Tratando-se, contudo, de um ensaio e, portanto, sujeito à modificação, considerei importante apontar a fome como predadora, e, por fim, achei que ficaria melhor reafirmar, ao final, que ela mata.

Também modifiquei 

A primeira versão dessa poesia pode ser encontrada também em artigos, no site  http://www.hgb.rj.saude.gov.br


31/01/2010 - Publiquei essa poesia também em http://sitedepoesias.com.br/poesias/53730 

Um comentário:

  1. Ana Cristina Lopes de Oliveira28 de fevereiro de 2010 às 10:51

    Luzia, a poesia é a mais pura e significativa realidade, a saudade dos sentimentos e desejos partilhados e o desafio de continuar vivendo e vivendo,sentindo, partilhando,encontrando.........beijos...e muita luz.

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