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Aqui trataremos de tudo aquilo que nos emociona.

A vida, em todas as suas formas e manifestações, nos leva a fortes emoções.

Espero poder traduzir, em versos e rimas, as expressões da vida com as quais eu tiver contato.



Luzia M.Cardoso
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sábado, 3 de julho de 2010

A QUEM TEM FOME



A QUEM TEM FOME


João, filho de Ninguém,
ficava de prontidão
pra pedir qualquer vintém,
migalhas pr'um cidadão.

Comida aos quem têm fome.
Bendito seja o teu nome!

Não tinha tempo ruim,
fosse dia, fosse noite.
Rezava pro querubim,
para evitar o açoite.

Comida aos quem têm fome.
Bendito seja o teu nome!

Com a barriga vazia,
sentado numa calçada,
era lixo o que engolia,
rápido, numa bocada.

Comida aos quem têm fome.
Bendito seja o teu nome!

De fraqueza, ali ficava,
ao relento e sem afeto.
No jornal, ele deitava,
encolhido e muito quieto.

Comida aos quem têm fome.
Bendito seja o teu nome!

Mas o frio e o medo
vinham certo e o castigavam.
Cola e pedra, já bem cedo,
seus “manos” lhe entregavam.

Comida aos quem têm fome.
Bendito seja o teu nome!

Dessa forma, entorpecido,
desafiava o perigo.
Pobre menino esquecido,
de cabelo cor de trigo.

Comida aos quem têm fome.
Bendito seja o teu nome!

Era assim a sua vida:
às vezes, era bandido,
muita carteira batida,
de qualquer bolso fedido.

Comida aos quem têm fome.
Bendito seja o teu nome!

Outros dias, era anjo
que, por migalhas de amor,
fazia qualquer arranjo
para espantar sua dor.

Comida aos quem têm fome.
Bendito seja o teu nome!

De repente, na zoiera,
encontrou bala perdida.
Ficou sem eira nem beira,
tombou a alma ferida.

Comida aos quem têm fome
Bendito seja o teu nome

Exposta a nossa prole
às garras do predador,
seu sangue toma num gole,
deixando à flor o horror.

Salvem teus frutos benditos
da ganância dos malditos.

Por Luzia M. Cardoso

Poema em Trovas, no estilo medieval.

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