Um Triolè para o Bicho-Papão
Sai pra lá, bicho-papão,
leva junto o boi xereta.
Aqui, não te crias, não!
Sai pra lá, bicho papão.
Minha imaginação
Não afetas com careta!
Sai pra lá, bicho-papão,
leva junto o boi xereta.
Luzia M. Cardoso
Poesias e ilustrações: Todos os direitos reservados. Página no Youtube http://www.youtube.com/user/luziamaga
Um Triolè para o Bicho-Papão
Sai pra lá, bicho-papão,
leva junto o boi xereta.
Aqui, não te crias, não!
Sai pra lá, bicho papão.
Minha imaginação
Não afetas com careta!
Sai pra lá, bicho-papão,
leva junto o boi xereta.
Luzia M. Cardoso
Triolè da Passagem
Nessa nave espacial,
Somos todos passageiros.
Há quem se ache o tal,
Nessa nave espacial,
Sem ver o fundamental:
Ninguém para os ponteiros!
Nessa nave espacial,
Somos todos passageiros.
Luzia M. Cardoso
Patacoada
Patos, na água, batem patas.
Num sonoro quá, quá, quá,
Chamam patinhos peraltas.
Patos, na água, batem patas,
Abrem asas acrobatas,
fazem do bico piquá.
Patos, na água, batem patas,
Num sonoro quá, quá, quá,
Outros patos chegam perto.
Patos, patas e patinhos
Vão nadando a céu aberto.
Outros patos chegam perto.
Se’um s’esconde, é descoberto
Por espertos filhotinhos.
Outros patos chegam perto.
Patos, patas e patinhos.
Luzia M. Cardoso
Corujilda, faço a ronda
E, nas noites, sou ligeira,
Não há nada que me esconda.
Corujilda, faço a ronda,
Tudo à volta é pra sonda,
Vou tomando a dianteira.
Corujilda, faço a ronda
E, nas noites, sou ligeira.
Corujilda, sou muito sábia.
Não permito o açoite.
Não caindo em qualquer lábia.
Corujilda, sou muito sábia.
Cito contos da Arábia
caso, à copa, eu já poite.
Corujilda, sou muito sábia,
Não permito o açoite.
Luzia M. Cardoso
Pó Libertário
Se de ser divino eu fosse um sonho,
abraços camaradas mais teria.
Creio, ser pesadelo tão bisonho;
fosso entre centro e periferia.
E eu sendo ou não um pensamento,
insisto, por aqui, nesse sentir.
Sozinha, nesse vento turbulento,
na roda dessa onda de existir.
Divino ou terreno, que me importa?
Girando, sem eixo para agarrar,
ferve o que pulsa minha aorta.
Se são mesmo eternos esses ais,
mesmo que seja um pó nesse cenário,
insisto os meus caminhos rabiscar.
Se pó, serei pólen nos roseirais.
Luzia M. Cardoso
RJ, 11 novembro 2021
No meu caminho
Quando há uma urna nos ponteiros
E um dia o sol não nasce como antes.
Vem de longe um sopro frio penetrante,
Quando, súbito, a voz eleva um xingamento
Que se lança, incandescente, ao corpo e mente.
E, tal qual, o sol nascente e poente
Que não cansa de ser roda e rodar,
Noutro dia, a mão se lança ao rosto à frente,
E num baque deixa tudo arroxear.
Seguem dias, entre tapas e xingamentos,
Se alternam fortes socos e pontapés.
E o sol que não brilhava, já se esconde,
E se apaga, se decifra os rapapés.
Os degraus de cada escada sentem o dolo
E o chão de cada cômodo, vermelho sal.
Cada quina das mobílias são punhais
Invasivas, lacerando tal e qual.
Não há sopro que sustente esse baque,
Não há forças que ajudem a levantar.
E, assim, quando espremem as paredes,
O relógio dia ajuda a urna a se fechar.
Luzia Magalhães Cardoso
#violênciacontraamulher #bastadeviolência