Quando há uma urna nos ponteiros
E um dia o sol não nasce como antes.
Vem de longe um sopro frio penetrante,
Quando, súbito, a voz eleva um xingamento
Que se lança, incandescente, ao corpo e mente.
E, tal qual, o sol nascente e poente
Que não cansa de ser roda e rodar,
Noutro dia, a mão se lança ao rosto à frente,
E num baque deixa tudo arroxear.
Seguem dias, entre tapas e xingamentos,
Se alternam fortes socos e pontapés.
E o sol que não brilhava, já se esconde,
E se apaga, se decifra os rapapés.
Os degraus de cada escada sentem o dolo
E o chão de cada cômodo, vermelho sal.
Cada quina das mobílias são punhais
Invasivas, lacerando tal e qual.
Não há sopro que sustente esse baque,
Não há forças que ajudem a levantar.
E, assim, quando espremem as paredes,
O relógio dia ajuda a urna a se fechar.
Luzia Magalhães Cardoso
#violênciacontraamulher #bastadeviolência
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