Companheira de Pato
“Galinha qu’anda com pato
Sempre morre afogada.”
(Ditado popular)
Vi um pato habilidoso,
Lustroso e sedutor.
Um pato executor,
Inflamado, ardiloso,
E muito ganancioso.
Vi galinha alienada
Dando de politizada,
Pronta a espalhar boato.
“Galinha qu’anda com pato
Sempre morre afogada.”
Era um pato amarelo
Que comia caviar.
Sem querer preço pagar,
Buscava no paralelo,
Por um preço mais singelo.
A galinha foi fisgada.
A mordomias apegada,
Caiu na cama de gato.
“Galinha qu’anda com pato
Sempre morre afogada.”
Quando o pato lhe fez juras,
A galinha o seguiu,
Sob um céu azul anil.
Muitas falas obscuras,
Para intenções futuras,
Com data estipulada.
A galinha, enredada,
Assinou branco contrato.
“Galinha qu’anda com pato
Sempre morre afogada.”
O pato fora plantado
Feito Cavalo de Tróia.
Fomentava a paranoia
Pra’o que foi financiado
E fisgava ajumentado.
A galinha abnegada,
Se mantendo agachada,
Virou útil artefato.
“Galinha qu’anda com pato
Sempre morre afogada.”
E o encanto acabou.
O que fora cobiçado
Por aquele pato inflado,
Ele já abocanhou
E a galinha, abandonou.
Muito mais apequenada,
Não servindo pra mais nada,
Vive às sombras, feito rato.
“Galinha qu’anda com pato
Sempre morre afogada.”
Ela é vista por aí,
A galinha mau caráter.
Fingindo não se abater,
Diz que vai pra Chamonix1,
Mas não sai do Andaraí.
Está mais endividada.
Apesar de emporcalhada,
Não se deu conta do fato.
“Galinha qu’anda com pato
Sempre morre afogada.”
Luzia M. Cardoso
1 - Chamonix - Cidade da França, localizada aos pés dos picos nevados.
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