Luzes do Asfalto
Luzia M. Cardoso
Vem do alto o sol nascente
descortinando o asfalto.
Lá no céu, o tempo mostra
muitas cores, luzes sombras...
E na rota, o andarilho
já apalma todo o chão.
Os olhos presos ao chão
não enxergam a nascente.
Segue trilhas, andarilho,
na tristeza do asfalto,
e na face brotam sombras
quando as chagas ficam à mostra.
Mas a dor também se mostra,
na sangria desse chão.
Vira esquinas, entre sombras
que envenenam a nascente...
E o chicote do asfalto
a açoitar o andarilho.
Desce a noite no andarilho...
Viva alma não se mostra.
Só, retira do asfalto
cada pedra do seu chão.
Vê a morte na nascente
quando a luz já chega em sombras.
Todo dia são as sombras
que acordam o andarilho,
com a foice na nascente
e a tristeza que se mostra...
Pés descalços sangram o chão
quando ralam no asfalto...
Não há brechas no asfalto,
ele é pleno de sombras.
Sobrevida vira chão
quando vira andarilho.
Ninguém o vê, mas se mostra...
Suando o pão ao sol nascente.
Cata a dor, pobre andarilho!
Vive em sombras sua nascente
que enterramos no asfalto.
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