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Aqui trataremos de tudo aquilo que nos emociona.

A vida, em todas as suas formas e manifestações, nos leva a fortes emoções.

Espero poder traduzir, em versos e rimas, as expressões da vida com as quais eu tiver contato.



Luzia M.Cardoso
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sexta-feira, 25 de abril de 2025

Eu e as pedras do meu caminho

 




Drummond diz que no percurso

Encontramos uma pedra

Bem no meio do caminho

Essa pedra qu’ele engendra.

Já vislumbro na jornada

Solitária, desalinho

 

Com as pedras no caminho

Vejo os que se desesperam

Param, querem desistir

Apesar do que fizeram

Olham as pedras que se seguem

Já temendo em prosseguir

 

Outros erguem um castelo

Com as pedras do caminho

Sobem parede a parede

Deixam tudo arrumadinho

Lá de dentro, das janelas,

Vão pintando o que sucede

 

Eu, aqui, com tantas pedras

No caminho que eu trilho

Muitas vezes, nas pequenas

Ao pisar, eu descarrilho

Já as grandes m’emparedam

Se juntando em dezenas.

 

Não nasci pra desistir

E não gosto de castelos

Então, risco amarelinha

Pulo com pés paralelos

E pulo com um só pé

Olhando o que s’avizinha

 

Vou pulando amarelinha

Do inferno, vou ao céu

Do céu, desço ao inferno

À direita, o beleléu

À esquerda, o paredão

Meu minuto é eterno

 

Não me levo muito a sério

À noite, dá pra brincar

Pedra risca a amarelinha

E me mostra onde parar

Agachando, pego a pedra

Ao lançá-la, já é minha

 


Luzia M. Cardoso

RJ, 25 de abril de 2025


#metodologiacientífica #ciência #existência

 


sábado, 19 de abril de 2025

O genro, a atriz, a bailarina e o “minin bão” no #BBB25

 Era o genro, a atriz,

bailarina e “minin bão’

Numa casa vigiada

Nela há “O PAREDÃO”

Que o genro se safou

Em disputa acirrada


Se não fossem as camisas

Que na prova ele usava,

Outro seria o final

Muita gente já pensava.

Decidiu o “Grande irmão”

Que tudo correu normal


Sob votos das torcidas

Bailarina, “minin bão”

Estão juntos à atriz

No último paredão.

Em comum, o mesmo sonho:

Com o prêmio ser feliz.


Com torcidas inflamadas

Tem quem diga haver robô.

Muitos dedos calejados

Haja ódio e amor

CPFs e o diabo

Pra mudar os resultados


A atriz, a bailarina

E também o “minin bão”

Alheios naquela casa

Aguardam a decisão

Com o tal muito apertado

Tal na mão e tal em brasa.


Quem sairá no domingo?

Quem ficará com prêmio?

Há um mais merecedor?

Sem m’importar com o grêmio

Deixo a todos os meus votos

De saúde, paz e amor.


Luzia M. Cardoso

RJ, 19\04\2025


#BBB25



sexta-feira, 11 de abril de 2025

Nos caminhos da pesquisa científica (poesia de cordel)

 






A pesquisa científica

Não é coisa pra amador

Por mais que cuidei do método

Volta e meia, vem a dor

No caminho, as surpresas

Que me chegam sempre a rodo.

 

Já dizia o poeta

Dom Antônio Machado

É preciso caminhar

Além do que foi traçado

É você e a estrada...

Pegadas pra rastrear.

 

Foi assim que adentrei

Nos caminhos da ciência

Fiz projeto, planejei

Com doses de paciência

Mas o campo é matreiro

Vai testando a resistência

 

São muitos os imprevistos

E barreiras no caminho

Várias curvas, sem atalho

Eu me sinto tão sozinha

Cansada, em desespero

Vislumbrando mais trabalho.

 

Hora ou outra, sento um pouco

Olho atenta para a frente

O passado é história

O agora é o meu presente

Analiso o que se mostra

Nessa minha trajetória.

 

Observo as barreiras,

Sua origem e natureza

Avalio as ferramentas

É preciso de destreza

Pra caminhar sobre pedras

Há as úmidas, barrentas

 

Com cautela, vou mexendo

Nas pedras do meu percurso

Mas cuidado com as grandes

Nesse caso, o recurso

Quase sempre é contorná-las

Devagar e sem alardes

 

Vou seguindo pelas pedras

Meus calçados estão gastos

Escorrego, vou ao chão

Meus recursos, já exaustos

Não sustentam os meus passos

Tatear é a opção.

 

Minha trilha é na montanha

Onde há pedras a rolar

Capacete na cabeça

Corda pra me segurar

Rogo que nessa escalada

A persistência prevaleça



Luzia M. Cardoso

RJ, 11\04\2025


#pesquisacientífica #método #ciência

quinta-feira, 3 de abril de 2025

Só com boa dentadura (poesia de cordel)

 



Você que vai alugar

Ou, talvez, até comprar

Um desses apertamentos

Pra poder nele morar,

Fuja dos andares baixos,

Pra não ter tão maus momentos.

 

São andares problemáticos.

Sofrem mais com falta d´água

E também infiltração.

S’algum cano estourar

Nos andares mais ao alto,

Ela cai na tua mão.

 

Pois a lei da gravidade

Vai trazê-la para baixo

E verá a umidade

S’ínsinuar em riacho.

A pintura da parede,

Vai ficando na saudade

 

E quando houver falta d’água?

Você será o primeiro

A sofrer com a escassez:

Nem um pingo no banheiro!

O que estava na reserva,

Pelo alto se desfez

 

Mas a água que não desce

Pode vir logo a subir.

Pois problemas com refluxo,

Poderá ter por aí.

Se houver entupimento

No teu ralo, vai sair.

 

 As garagens, quando poucas,

Não são pra esses andares,

A não ser qu’alugue a vaga.

Se no pátio precisares

Adentrar com algum carro,

Pra descer c’alguma carga,

 

Desenrole bem ligeiro,

Pra não ter que pagar multa,

Caso extrapolar o tempo.

Isso mais te dificulta.

Seja, pois, um bom atleta,

Pra evitar contratempo.

 

Treine saltos em barreiras,

Corrida de maratona,

Aproveite e treine esqui,

Para não ficar na lona

Caso haja superfícies

Enxarcadas por aí.

 

Veja a realidade

D'onde pensa em morar:

Custos de manutenção;

Os valores a pagar;

Dos recursos existentes,

Como é feita a divisão?

 

Olhe o bônus e o ônus

D'onde pensa em morar,

Pois, tal qual a rapadura,

Não há nela só açúcar.

Pra comer, trate de ter

Uma boa dentadura.

 

Luzia M. Cardoso

03\04\2025


#aluguel #moradia

segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

Recorrente e fatal (Poesia de cordel)


 

Recorrente e fatal

 

Gestantes pobres e negras

Vivem parto assombrado

Por violência obstétrica:

Sofrimento ignorado,

Queixas mal avaliadas,

Hospital mal equipado.

 

Outro óbito evitável

Entrou para as estatísticas.

Tendo a morte materna

Causas, características

Recorrentes no país:

Pouco acesso e más práticas

 

 

E naquela sexta-feira,

Na Bahia, Salvador,

29 de novembro.

Outro dia de horror

Nesse imenso Brasil

Onde há tanto pranto e dor.

 

Primípara, vinte e dois,

Hipertensão gestacional,

Com feto grande demais

Vistos já no pré-natal.

Parto de muito risco

 Pela via vaginal.

 

Cesariana indicada

Por uma questão vital.

Quando foi ter o bebê,

Numa decisão fatal,

A equipe de plantão

Induziu parto “normal”

 

Foram vinte e oito horas

De sofrimento abissal

Em um trabalho de parto

Mais que antinatural.

Daquele parto induzido

Fez-se processo letal.

 

Se em todo o pré-natal

O risco foi confirmado

A cirurgia indicada,

O processo de cuidado

Deveria, então, fluir

Pro que fora orientado.

 

Morreram mãe e bebê

Que podiam ter vivido.

Com horas de sofrimento

Em processo irrefletido

Nunca é fatalidade

Quando o risco é sabido.

 

O que ocorre na assistência?

Há um traço cultural,

Falha a comunicação,

Tem racismo estrutural,

Frágil qualificação,

Poder individual.

 

Onde está a equidade

No processo de cuidado

Das gestantes brasileiras?

Nesse SUS fragilizado

Vamos vendo seus pilares

Vergar por eixo quebrado

 

Luzia M. Cardoso

RJ, 09 dez. 2024



Outro caso de morte materna, provavelmente evitável. 

Ver reportagem em https://www.correio24horas.com.br/minha-bahia/gravida-e-bebe-morrem-apos-mais-de-24h-de-espera-por-cesariana-em-maternidade-de-salvador-1224 



terça-feira, 29 de outubro de 2024

Aos cuidados da Orixá (homenagem póstuma)

 


Aos cuidados da Orixá

(homenagem póstuma)

Praia da Guanabara - Freguesia, Ilha do Governador

RJ, 17 de outubro de 2010)



Sinto impressos em teus olhos,

O horizonte, o céu e o mar...

Ao longe, barcos a velejar

As aves observando

Os teus passos, os teus rumos

Sob o sol

Sob o céu

Árido asfalto

 

Teus pés na areia

Tocam nas águas de Iemanjá

 

Riachos rolaram no olhar

Tua face rasgando

O sal e as ondas do mar

 

Eu vi teu tempo escorregar...

Em tantas noites sem luar,

Estrelas que se apagaram

Caminhos que se fecharam...

Um breu profundo se abriu.

 

Vento cortante

Sempre por lá.

E se fez de firme

Se fez de forte

Em algum desses bancos

A esperar,

Marolar, marolar, marolar...

Quatro paredes

Quarto e sala... Uma ilha

 

Sonhos envelheceram em solidão

Cada dia pesou mais a mão

Já são três anos de saudades.


Seguem passos na calçada...

Nós duas, tuas irmãs,

Eu e Luci à beira mar


Meu olhar no horizonte.

Ouço o canto do mar,

O silêncio dos pássaros

E dos barcos atracados...

Tantas redes emaranhadas

Numa pedra está fincada

A capelinha de  Iemanjá


Da caixa de papelão,

De um pequeno saco plástico

Retiramos as tuas cinzas

Entregando o que deixou

Aos cuidados da Orixá,


Nesse dia dezessete,

Outubro de primavera,

Pedras brincam de me molhar...


Uma brisa nos envolve

Num abraço fraternal,

Eu, você e Luci.


Neste dia, aqui estamos,

Num oceano de saudades...


Talvez haja um porto na eternidade.


Com o meu carinho,


Luzia M. Cardoso

Rio de Janeiro, 17 outubro de 2024



sábado, 26 de outubro de 2024

Uma consulta animal (poema de cordel)

 

(Imagem gerada por IA)


Uma consulta animal

 

Scott “tá” constipado

Com as fezes sem sair

Quase sempre entocado

Co’os olhos a me seguir

Pois não quer medicação

Para tudo, mia <Não!>

Quando pego um remédio,

Scott desaparece.

A seu modo, roga, em prece,

D’Universo intermédio.

 

Ele tem um megacólon:

O final mais dilatado

Do seu intestino grosso,

Complicando o que é chamado

Movimento peristáltico.

O coco fica estático;

Vamos à explicação:

Tem que haver movimento,

Contração, relaxamento,

Para a sua a expulsão.

 

Depois de muitas andanças

Por vários veterinários

Fomos à especialista

Know-hows” mais que necessários

Pro manejo do babado:

Coco encapsulado.

Um capítulo à parte

Desse mal qu’aflige Scott

Que parece mais um trote

Pra me levar a enfarte.

 

Chegando ao consultório

Sou chamada a atenção

Pela forma que criei

ser improvisação

Pro transporte animal.

Nunca tinha visto igual?

Sua caixa eu fixei

No carrinho de feira.

De forma muito guerreira,

Duas rodas instalei.

 

Ouvi da especialista

Qu’era preciso transportar

A caixa em meus braços,

Sob capa, pra tapar

As pessoas do percurso.

Sendo a capa um recurso

Pro gato não se agitar

Aquele peso em meus braços

Instabilizam os meus passos

Com riscos de eu tropeçar

 

Em seguida, a areia.

Duas caixas tenho em casa,

Numa varanda pequena.

Tão pequena qu’atanaza”

Junto às caixas, a bandeja

Com tapete pra que seja

O ambiente sanitário

Pros dejetos do cachorro.

Um recurso que recorro

E que é muito utilitário.

 

Logo, sou repreendida.

Pede caixas espaçadas

Na varanda sem espaços

Onde ficam encerradas.

As caixas intercaladas

Serão, pois, caixas viradas

Na passagem do cachorro.

Areia pra todo lado,

Todo espaço abalado.

De cansaço, assim, eu morro.

 

Vamos à alimentação:

Dou ração especial,

Uma gastrointestinal

Pro manejo d’animal.

Prescrita noutra consulta

E seu preço mais insulta

Com as dezenas de reais.

Há também a ração úmida

Para ser oferecida

Água, fibra e tudo mais.

 

Compro tudo embalado:

Ração úmida e seca.

Administro meu tempo,

E a também a enxaqueca

Dos serviços de cuidados,

a eles acrescentados

Os tais trabalhos domésticos,

Além de meu doutorado.

Combo administrado

Com calmantes e analgésicos.

 

A veterinária diz

Que é preciso acrescentar

Comidinha feita em casa,

Para tudo se assentar.

Uma carninha de frango

Pra enriquecer seu rango.

Com água saborizada,

Aumentar hidratação.

Pede mais dedicação

Pro que sou orientada.

 

Pago pelos honorários

Com a receita na mão:

Mais reais para a ração;

Mais tempo, mais atenção;

Transportar gato nos braços,

Garantindo firmes passos;

Na varanda apertada,

Inventar, lá, mais espaços,

Resolver os embaraços

Da prescrição adotada.

 

Expert em animal

Não olha pra seu tutor

E não cria parcerias

Pro que é fundamental.

Tenta impor suas verdades,

Despreza realidades.

Com o diploma crê

Poder tudo criticar,

Vida concreta mudar

Tutores, repreender.


Luzia M. Cardoso

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