Ao Enzo que, com 16 anos, se foi em outubro de 2018.
O Porto
Era um cachorro branquinho
De pelos fartos, enrolados.
Era um cachorro alegre,
De olhos negros, adocicados.
Aquele cachorro branquinho,
De pelos fartos, enrolados,
Hoje, cambaleante,
Tem os olhos enevoados.
Talvez, o doce de seu olhar
O tenha de todo tomado
E o meu cachorro branquinho,
De pelos fartos, enrolados,
Não esteja aguentando
Dias tão açucarados.
Tanto açúcar lhe dá sede,
Tanto açúcar o enfraquece,
Tanto açúcar lhe traz nuvens
Aos olhos que embranquece.
Alguns querem que eu apresse
Esses seus dias nublados.
Querem que o seu inverno
Seja por mim abreviado.
Enzo me deu sua primavera,
Os dias de seu verão,
Dedicou-me seu outono,
Por que do inverno abrirei mão?
Dar-lhe-ei o meu carinho,
Cuidados e muita atenção,
Para, no dia derradeiro,
Abrigar-se em meu coração.
Quando o meu cachorro branquinho,
De pelos fartos, enrolados,
Encontrará o caminho
Para a vida no outro lado.
Luzia M. Cardoso
20/06/2018
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