Pombo
Correio
E, se por acaso, a tempestade chegar
Muito mais adense as nuvens no
horizonte;
E, se por acaso, o chão com sangue
regar
As feras em cio que saltam d’anteontem;
E, se por acaso, os cancros se espalharem
Por verbo envenenado e mãos
inconsequentes,
E, se por acaso, rosas despetalarem,
Do roseiral esmaguem brotos e sementes;
Passe bem ao largo do leito qu'acolher;
Nos olhos, falso’arroio, não deixe
nascer;
Não faça orações pra’alívio de pecado;
Sem mel em palavras, pois tendem a
feder;
Grite, aos quatro cantos: “Fez por
merecer!”
Mas, se algum remorso vier a te’afligir,
Plante uma roseira e cuide pra florir.
Luzia M. Cardoso
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