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Aqui trataremos de tudo aquilo que nos emociona.

A vida, em todas as suas formas e manifestações, nos leva a fortes emoções.

Espero poder traduzir, em versos e rimas, as expressões da vida com as quais eu tiver contato.



Luzia M.Cardoso
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sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

De Minha Lavra


De Minha Lavra 


Quando ando pelas ruas
E vejo gente no chão,
Largada em calçadas nuas,
Invisíveis à multidão...
Quando entro em algum pátio
E vejo tanta produção.
E nas esteiras, mil olhos tristes,
Com o pesadelo de então...
Quando encontro largos tetos,
Sobre longos metros de chão...
E fora, gente ao relento,
Sem direito à habitação...

Eu não sei o que me dá
Quando aquilo me invade.
É uma grossa substância,
De ondulante verbo,
Que me faz soltar o verso,
Da garganta, o adverso.

E eu verso aquela gente
Para mostrar o que passa,
O que quer e o que sente
Quem se larga por lá.
E como longo é o tempo,
Diferente dos de cá.
Lá tem o mais longo segundo.
Segundo lento a se arrastar.
Com vidas ao sabor do vento,
Violento,
Que as lança sem nada pesar.

De pronto, me pega o poema
Pelo verbo no reverso
Do verso de meu avesso.
Sem doçura ou estratagema.
Apontado, entra fundo,
Fica lá dentro, imerso.

Verso o que não se abre em flor,
Que não abraça, nem acalanta.
Verso o grito,
Grito de dor,
À luz do dia a dia que me afronta.

Nas pontas de meus dedos, verso.
Verso pedradas que confrontam
As vidraças das praças,
que se fecham à calçada.
Vidraças que guardam o que contam
Fabricantes de desgraças.

Os meus versos nascem amargos
E eu não os quero adoçar.
Que os sintam os que passam
 ao largo
Dos sem almoço e jantar.

Mais os meus versos afio,
E os afio para mais penetrar.
Que entrem profundo nas almas,
E que incomodem quem só quer fornicar.

Meu poema sai das caldeiras
Em altas temperaturas,
Endurece nas geleiras
Das mais frias criaturas.
Meu poema é dedo em riste
Apontando a transfusão
Do nosso anêmico sangue
Para o nutrido tubarão.

Meu poema é tesoura afiada
Sobre a pele da cegueira.
Fere e rasga a cortina
Daquela seda esfumaçada
Que encobre, cretina,
Quem nos monta com esporas,
Nos confunde e desatina,
E nos sangra as cadeiras.

Luzia M. Cardoso
RJ, 05\01\2018

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